procissão NS. Penha.A (80)

Foto: Antônio Cruz – Parahybano

Opinião – Padre Marcos Paulo Pinalli da Costa

Por tríduo pascal entende-se três dias importantíssimos dentro da semana santa. São eles: quinta, sexta e sábado (e o domingo não entraria?). Para nós católicos, a liturgia celebrada é rica em significado e nos leva a vivermos os últimos dias da vida e a ressurreição de Jesus.

Na quinta-feira santa, geralmente pela manhã, nós sacerdotes e agentes paroquial nos reunimos com o bispo diocesano para a celebração do santo crisma. A palavra crisma quer dizer ungido com óleo e nesta missa, os santos óleos são abençoados e distribuídos para as paróquias, São o óleo do batismo, da unção dos enfermos e do crisma (este só o bispo pode abençoar, o que determina a intima união do sacramento da confirmação da fé católica com o bispo diocesano). Nesta missa acontece a renovação das promessas sacerdotais, para nos recordar que temos uma missão à cumprir pela Igreja e a ela estamos unidos. Notamos então, a unidade que deve existir entre os fiéis leigos, nós padres e o bispo diocesano tendo como ápice a Eucaristia.

Nesta mesma quinta-feira, acontece em nossas comunidades a celebração do Lava-pés e da Ceia do Senhor. A quinta-feira recorda, sobretudo à nós padres que não podemos ser acéfalos, independentes, mas estar em comum união pela obediência ao bispo diocesano e estabelecendo uma fraterna convivência com o presbitério. Tal unidade entre fiéis leigos e pastores deve ser entendida à luz do Lava pés, onde nos colocamos ao serviço do próximo. Este gesto de lavar os pés pode ocasionar repugnância em muitos, pois os pés demonstram a sujeira que se carrega e deve ser limpa. Incluímos aqui a celebração da misericórdia, um ritual de purificação. O normal seria que o servo lavasse os pés do seu senhor. Jesus ensina na prática, que a autoridade eclesiástica deve ser exercida no serviço. Uma vez purificados (com os pés limpos), os discípulos receberam a eucaristia, se alimentaram do corpo e do sangue de Jesus. Do contrário, não teriam com Ele comunhão. A quinta-feira santa é o dia da Instituição do sacerdócio ministerial e da eucaristia.

Na sexta-feira santa, somos convidados a passar o dia com modéstia, evitando todo e qualquer tipo de agitação. Celebramos a paixão (sofrimento) e morte de Jesus. Não cabe neste dia fazer festa. Somos orientados a fazer jejum e abstinência de carne. Como no domingo, este dia é de preceito, ou seja, devemos participar na igreja da Ação Litúrgica da Paixão do Senhor. Geralmente às 15horas. Neste dia não se celebra a missa, mas distribui-se a sagrada comunhão. Também fazemos a procissão do Senhor morto bem no início da noite. São muitos os lugares que também neste dia fazem a encenação dos últimos passos da paixão de Cristo, mas sempre tendo o seu ápice com a Ressurreição.

No sábado santo, do latim, “sabbatum sanctum”, nossas igrejas tem seus altares sem toalhas e; desde o domingo de ramos prevalece a cor roxa cobrindo as imagens. O Santíssimo Sacramento fica numa capela à parte e não na habitual. A ideia é de que vivemos a ausência do salvador, o vazio d’Aquele que permaneceu na sepultura. Prevalece o sentimento fúnebre da sexta-feira, a dor e o luto. Para nós católicos, exatamente neste dia lembramos de Maria, a mãe dolorosa, fazendo referência ao sentimento de solidão associado ao luto, donde originou-se o título de “Nossa Senhora da Solidão, ou Soledade”.

Há quem chama este dia de sábado de Aleluia, exatamente porque na liturgia da Vigília Pascal, tão longa como bela, acendemos o Círio (vela apropriada), proclamamos a páscoa cantando o “Exulte”. Após ouvirmos a narração dos fatos da páscoa do antigo testamento aguardamos o momento do Canto do Glória, onde proclamamos com muita festa a Ressurreição do Senhor. A Igreja retira o roxo que cobre as imagens, se reveste de alegria, os sinos voltam a tocar e o aleluia que não pôde ser usado durante o tempo quaresmal retorna em nossos cantos e orações. Por isto era chamado de sábado de aleluia. Portanto, já celebramos o domingo, a solenidade da ressurreição do Senhor. Procuremos nos informar das celebrações do tríduo pascal e participar, mesmo os que irão viajar. Nós brasileiros, temos estes dias como um grande feriadão, no entanto é uma grande oportunidade de aprofundamento espiritual.

Pe. Marcos Paulo Pinalli da Costa é pároco em São João da Barra, diocese de Campos – RJ e mestrando em Direito Canônico.

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