
Foto: Leitora Alanir Loureiro – Parahybano
Moradores da Baixada, em Atafona, passaram uma madrugada de olhos bem abertos e muito preocupados. A variação da maré aliada à chegada de uma frente fria na região, causou grandes pontos de alagamentos próximo ao Pontal. A combinação de fatores gerou, também, avanço do mar na foz do Paraíba destruindo materiais das residências.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil de São João da Barra, Felício Valiengo, o monitoramento da área iniciou na última quinta-feira, 15 e continuará até terça-feira, 20, pois há possibilidade de maré nos próximos dias.

Foto: Marcus Ribeiro – Parahybano
– Por volta das 3h da manhã a maré começou a encher e inundou as duas ruas da comunidade com cerca de 30 centímetros. Não houve necessidade de retirada dos moradores do local. Houve um ciclone no nosso litoral nessa semana e essa ondulação demora de dois a três dias para chegar a costa. No Açu não houve nenhuma solicitação -, destacou.
Felício acrescentou, ainda, que essa maré, que é um acréscimo do voluma d’água, tem mais força na foz que fica localizada no Pontal.
– A intervenção foi feita com uma abertura de uma vala para drenagem da água que ficou represada. Uma retroescavadeira foi utilizada na ação -, concluiu.
Segundo informações da moradora Ketlien Ferreira, as águas molharam todos os pertences da minha prima.
– Estamos apavorados, pois não esperávamos que fosse alagar tudo. A rua Beira Rio Pontal ficou completamente alagada. Acredita que dessa vez o mar veio com mais força -, disse.

Foto: Marcus Ribeiro – Parahybano
Maré de sizígia
De acordo com informações no Wikipédia, a sizígia em oceanografia e em astronomia, são as marés que ocorrem nas luas nova e cheia, quando os efeitos lunares e solares atuando em conjunto, reforçam uns aos outros, produzindo as maiores marés altas e as menores marés baixas.
Ao efeito da variação das fases da Lua junta-se a rotação da Terra: durante os equinócios (em março e setembro), o Sol está mais próximo da Terra, o que reforça o seu efeito de atração, pelo que as marés altas são maiores e as baixas menores nesses momentos do ano.
A destruição
Segundo especialistas, o que acontece é um fenômeno de transgressão do mar, que nos últimos 35 anos avançou três metros a cada 12 meses. A cada ano o mar avança cerca de três metros.
Através de uma pesquisa, 15 ruas e cerca de 500 casas já foram engolidas pelo mar. Em apenas um ano, a violência do mar sumiu com uma área do tamanho de três campos de futebol.
No início dos anos 70, magníficos casarões foram sendo construídos, sendo o primeiro, da Indústria de Bebidas do empresário Hugo Aquino, na rua Capitão Nelson Pereira e assim as águas do mar vieram invadindo trechos da praia mais próximos à foz do rio, destruindo tudo que estava a sua frente.
Atafona aguarda projeto de recuperação

Foto: Marcus Ribeiro – Parahybano
Se os moradores do Açu sofrem com o avanço do mar, os de Atafona já vivem com essa realidade há décadas. No ano passado, na Superintendência do Patrimônio da União (SPU/RJ), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, o prefeito de São João da Barra José Amaro de Souza, Neco, protocolou o Projeto de Engenharia para recuperação da orla de Atafona, requerendo a licença ambiental — com a cessão da faixa de areia e espelho d’água — para execução do anteprojeto elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH).
Neco também esteve em Brasília, onde conversou com políticos da região em busca de recurso para o projeto.
Além do avanço do mar, Atafona sofre com o assoreamento na foz do Paraíba, que prejudica a principal atividade econômica da praia, a pesca.
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Foto: Ketlin Ferreira – Parahybano

Foto: Ketlin Ferreira – Parahybano

Foto: Marcus Ribeiro – Parahybano

Foto: Marcus Ribeiro – Parahybano