Foto: Divulgação

A Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Penha completa seus 164 anos de fundação neste sábado, 09, e para comemorar irá ser celebrada uma missa, às 17h, com a intenção de ação de graças pelo aniversário. Para esse dia tão especial, a Irmandade convoca todos os irmãos membros assim também como todos os movimentos e pastorais do nosso Santuário.

A provedora, Viviane Meireles, comentou que todos devem estar devidamente uniformizados conforme o serviço que de dedica no Santuário Diocesano.

– Irá ser cumprido o distanciamento social, onde estaremos colocando cadeiras do lado de fora do Santuário. Todos os irmãos membros da Irmandade deverão usar a fita neste sábado.

História

Foto: Elder Amaral

A devoção a Virgem da Penha na Praia de Atafona, surgiu no século XIX, data específica não sabe-se ao certo, porém, os testemunhos de milagres concedidos aos fiéis através da maternal intercessão de Nossa Senhora da Penha se espalhava por toda região.

No dia 09 de Janeiro de 1857, foi criada a venerável Irmandade de Nossa Senhora da Penha com o intuito de erguer de frente para o mar, as margens do Rio Paraíba do Sul, um templo dedicado aquela que se tornaria padroeira da Praia de Atafona e de modo especial, de todos os pescadores que nessa praia viessem a morar.

O terreno para a construção do templo foi doado pela Srª. Francisca de Barreto de Jesus Faria, esposa do comendador Joaquim Thomaz de Faria. O início das obras do templo se deu no ano de 1860. Quinze anos depois, em 1875 com o templo ainda em construção, teve a ilustre visita do então Imperador do Brasil, D. Pedro II em sua segunda visita a São João da Barra. O término das obras ocorreu no ano de 1881.

Em 1879 aconteceu a primeira festa de Nossa Senhora da Penha e a partir dos anos seguintes, com a Igreja construída, a festa passou a crescer cada vez mais.

No ano de 1906 aconteceu uma grande enchente no Rio Paraíba do Sul que ameaçava as margens do templo da Virgem da Penha em Atafona. A iniciativa de aterrar o velho casco do navio “AQUIDABÔ- conduzido pelos coronéis Manoel José Nunes Teixeira, Francisco Pinto da Silva e os carreiros Joaquim José Ferreira e José Meirelles, com ajuda de uma junta de bois, enxadas e pás- nos fundos da igreja, na brecha aberta pela corrente do Rio Paraíba deram solução ao problema.

Foto: Divulgação/Secom-SJB

No inicio do mês de dezembro de 1992, a imagem de Nossa Senhora da Penha foi furtada do seu altar-mor. Comunidade e devotos fizeram, na época, novenas e ladainhas em súplica pelo retorno da imagem e, em forma de luto, toalhas pretas foram colocadas no altar. A imagem foi encontrada em 26 de dezembro do mesmo ano, em um trecho da RJ-158, que liga Campos a São Fidélis, nas proximidades da antiga Usina de Santa Cruz. No mesmo dia a imagem retornou para Igreja com uma multidão de devotos que caminhou da cidade de São João da Barra ao distrito de Atafona.

Em 1996 Dom Roberto Gomes Guimarães foi o primeiro bispo a fazer uma visita pastoral em Atafona por ocasião da festa de Nossa Senhora da Penha.

Em 2008 a Igreja de Nossa Senhora da Penha foi reformada por iniciativa da Irmandade tendo a frente a Sra. Sonia Terra Ferreira, as obras foram concluídas pelo fazendeiro Ary Pessanha.

No ano de 2014 a procissão de Nossa Senhora da Penha foi tombada pelo Governo do Estado como patrimônio histórico e imaterial do Estado do Rio de Janeiro.

Em 2016 a veneranda imagem passou por um processo de um ano de restauração nas mãos do artista Jorge Renato. Concluída a restauração a imagem volta para seu templo em 2017 saindo da igreja matriz de São João Batista com centenas de devotos acompanhando a pé até a praia de Atafona.

Foto: Elder Amaral

Em 2018 a Igreja de Nossa Senhora da Penha foi elevada a Santuário Estadual pelo bispo diocesano Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, sendo primeiro reitor o Pe. Marcos Paulo Pinalli da Costa, tendo a Sra. Viviane Ribeiro Meireles como presidente da Irmandade.

Nos oito dias de festa celebram-se várias missas, terços, ladainhas além da carreta que acontece no domingo de páscoa, a procissão fluvial que sempre é feito no domingo da festa da Divina Misericórdia e a procissão terrestre que acontece na oitava da páscoa, reunindo milhares de devotos provenientes do Estado do Rio de Janeiro, Espírito Santo, entre outros que descalços percorrem com fé e devoção as principais vias públicas da Praia de Atafona em forma de gratidão por graças alcançadas durante o ano.

Nesse ano de 2021, a Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Penha completa 164 anos de amor e devoção a Virgem da Penha de Atafona.

O médico, Dr. Ruy Alves, e grande cronista, escreveu no jornal Folha Nova de 02/05/1976, sobre a igreja e sua fundação; sendo o primeiro a escrever sobre o assunto. Diz ele que: “Foi aos 09/01/1857 que a viúva do Comendador Joaquim Thomaz de Farias, isto é, D. Francisca Barreta de Jesus Farias, segundo escritura da mesma data deu a N. Sª. da Penha (de Atafona), trinta braças de terra de frente, e quarenta de fundos, no lugar denominado Barra, para edificar sua capela. A doação foi no valor de R$ 100,000 réis, onde a doadora diz que a Irmandade ou Devoção de N. Sª. da Penha, fica sujeita “as marinhas que são de dez braças para terra dentro e as trinta de frente afora a Nação.”

E mais, exigia que a capela fosse construída dentro de cinco anos e que caso não façam, ficaria sem efeito o que ela doara, ainda exigiu que “nenhuma pessoa poderá edificar casas nas referidas terras, nem mesmo quando a Senhora tiver sua Irmandade organizada”, entendendo que a irmandade veio então, posterior à doação. Os confrontantes do terreno eram “pelos lados de cima e de baixo e para fundos com terras dela doadora, e pela frente com o Rio Paraíba…”.

Por outro lado, Fernando José Martins, que era irmão de D. Francisca Barreta, diz em sua magistral obra publicada em 1868 que “… uma vistosa capela dedicada também à virgem da Penha está agora em progressiva construção no pontal do sul da barra do Paraíba. O templo, segundo as dimensões, é majestoso e promete ser acabado em breve e com maior asseio atento aos cuidados e desvelos de seus fundadores e atuais diretores. O local é aprazível; é talvez este edifício feito por cima do aterro da primeira casa levantada ma barra do célebre Paraíba do Sul, pelos anos de 1622. ”

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