A Prefeitura de Campos confirmou a morte de uma criança de seis anos por febre maculosa. O diagnóstico foi confirmado pelo Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), coordenado pela infectologista Elba Lemos, e apoio do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS), no último final de semana. O óbito foi registrado em 31 de agosto deste ano.

Também foram registrados um caso confirmado em 2020 e outro em 2017 em áreas distintas. Os pacientes de 18 e 54 anos foram tratados e recuperados. Após a confirmação, foi realizada ontem, terça-feira (14), uma busca ativa no campo para identificação e combate ao carrapato estrela responsável pela transmissão da bactéria do gênero Rickettsia, causadora da doença, na área da comunidade Cafuringa, no distrito de Travessão.

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Durante o trabalho de campo foram realizados atendimentos médico e de enfermagem para crianças e adultos que residem na comunidade, inclusive com atualização do cartão de vacina dos menores e aplicação da vacina contra a Covid-19 para aqueles que ainda não tinham se imunizado, conforme cronograma. Também foi realizada palestra com orientação para retirada de carrapatos e observação de sinais e sintomas.

“A confirmação da morte da criança por febre maculosa ocorreu no último final de semana. A suspeita é de que seja um caso autóctone (transmitido por hospedeiros que vivem na região), mas há possibilidade de ter sido por contaminação externa. Nenhuma hipótese está descartada. Estamos investigando”, explica o subsecretário, Charbell Kury.

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Ainda na busca ativa foram encontrados diversos carrapatos na parede da casa onde residia a criança que morreu e também em entulhos ao redor do imóvel, além de constatada a presença de capivara, um dos animais hospedeiro da bactéria, naquela região. O CCZ realizou detetização específica ao redor da residência e orientação para os moradores quanto aos cuidados para evitar o contato com o vetor da doença. O CCZ só realiza esse tipo de detetização quando há comprovação da doença. Já a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social atuou na ação com cadastramento das famílias junto ao Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), além de distribuição de bolsas de alimentos.

Charbell explica ainda que durante a investigação de campo teve ciência de outra criança que morava duas casas após a residência do óbito do dia 31 de agosto. Tratou-se de uma criança de 2 anos, com registro de óbito em janeiro de 2020 em circunstância semelhante, acendendo uma luz de alerta.

“Também vamos investigar esse óbito que, na ocasião, teve a causa morte desconhecida”, disse o subsecretário, acrescentando que ambas as mortes passaram por sequência de atendimento médico por diversas unidades de pronto atendimento de emergência. Além disso, a Subsecretaria vai realizar treinamento para que a Unidade Pré-Hospitalar (UPH) de Travessão se torne referência do primeiro atendimento dos casos de febre maculosa naquela região.

“Como ainda existem diversos pontos a serem esclarecidos sobre o Local Provável de Infecção (LPI) e assim proceder à conclusão sobre o ciclo de transmissão, fizemos uma proposta de parceria que foi prontamente aceita com a Fiocruz na pessoa da infectologista Dra. Elba Lemos para retornarmos à comunidade para um trabalho mais especializado a fim de entendermos se essa infecção e autóctone ou não”. A data da ação ainda não está definida.

Os principais sintomas da febre maculosa são febre alta, dores de cabeça intensas, dor muscular e articular, dor abdominal, diarreia e exantema. Eles costumam aparecer entre dois e 14 dias após a picada do carrapato infectado. Entre os animais que podem hospedar a bactéria estão cavalos, capivaras, marsupiais (gambá) e cães que circulam em região com infestação e transportando o carrapato estrela infectado.

Fonte: Ascom