O avanço da variante Ômicron no país e o aumento de casos da gripe, inclusive a coinfecção, fizeram Campos voltar para a Fase Verde do Plano de Retomada das Atividades Econômicas e Sociais. A decisão foi deliberada na 25ª Reunião do Gabinete de Crise e Combate à Covid-19 e a primeira de 2022, realizada na manhã desta segunda-feira (10), no formato virtual, direto do auditório do Centro Administrativo José Alves de Azevedo (CAJA). As novas restrições serão publicadas em edição suplementar do Diário Oficial.

O novo momento da pandemia do coronavírus, com contaminação em larga escala da nova variante, e o cenário epidemiológico municipal que aponta para subida de casos da doença com possibilidade internações e até óbitos, preocupam as autoridades e requer ações de prevenção mais efetivas da população, como evitar aglomerações, uso de máscara, além da imunização completa.

Foto: Prefeitura

Ao iniciar a reunião, o secretário municipal de Saúde, Paulo Hirano, ponderou que a pandemia tem suas características próprias em decorrência da evolução do vírus, da mutação e que a cada momento surge novas surpresas. E, segundo o secretário, a surpresa do momento é que a Ômicrôn vem se mostrando altamente contagiante, porém menos causadora de doenças graves. “Esse é um fato muito importante no que diz respeito ao preparo, a necessidade de leitos novos, de uma estrutura maior para o atendimento, inclusive nesse momento em que estamos tendo aumento muito significativo dos casos de contaminação, porém mais leves”, disse.

Segundo Paulo Hirano, “os pacientes mais graves e quando necessitam de uma internação em leito de UTI, mais de 95% são pacientes que não foram imunizados. Isto mostra a importância da vacina. Então, hoje mais do que nunca, é inadmissível o discurso ou posicionamento negacionista sobre a vacina. A vacina é importante, a vacina é vital”, disse o secretário, defendendo a manutenção do uso de máscara, distanciamento social e a higienização correta das mãos.

A reunião durou quase 1h30 e contou com participação 22 pessoas, diferente das anteriores que somavam 11 pessoas, o que na opinião do subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde (Subpav), Charbell Kury, “o interesse é diretamente proporcional ao número de casos que a cidade está vivendo e a procura pelo serviço de saúde”.

Para contextualizar o cenário epidemiológico atual e capacidade de transmissão da Ômicrôn, Charbell relatou que em seis meses, ou seja, de janeiro a junho de 2021, foram diagnosticados 10 milhões de casos no mundo. E, somente em 10 dias de 2022, já foram 10 milhões de novos casos. “Somente em sete dias foram 2 milhões de casos da Ômicrôn”, disse o subsecretário, acreditando que a variante veio para ficar e, com isso, pode surgir casos de reinfecção da doença e crianças fazendo casos mais graves da doença.

Ainda falando sobre a nova variante, o subsecretário explicou que ela é cinco vezes mais transmissível que a Delta que já era 97% mais que a cepa original (SARS-CoV-2). “A Ômicron já soma 98% dos casos no Rio e a Delta 41%. No Brasil são 35 mil casos diários, podendo chegar a 1 milhão em março”, disse lembrando que de março a abril do ano passado foi o pior momento da pandemia no município, que chegou a ficar com 100% de ocupação de leitos de UTI e Clínica Médica, registrar 20 óbitos diários, e com 56 pessoas na fila de espera quando ocorreu o encontro das variantes Gama, Alpha, seguida da P2 e Delta. “Graças a vacinação que venceu o negacionismo, houve a redução da transmissão dessas variantes”.

ADAPTAÇÃO AO HOSPEDEIRO – Charbell e Hirano estão convictos de que a variante Ômicron veio para ficar, pois ela foi a que mais se adaptou ao ser humano, transmitindo mais e matando menos. “Uma pessoa infectada com Delta transmite até cinco. Já uma pessoa com Ômicron pode transmitir para até 12 pessoas”, explica o subsecretário. Essa mudança de comportamento do vírus está ligada diretamente ao fenômeno “desproporção”, ou seja, o aumento de casos não ocorre simultaneamente aos de óbitos.

“Campos é a única cidade na região que mantém a vacinação noturna, o que inclusive é um marco, mas ainda assim há 25 mil pessoas que ainda não tomaram nenhuma dose da vacina contra o coronavírus, com isso, a alça epidemiológica aponta para uma subida discreta de novos casos da doença e aumento na ocupação de leitos clínicos”, observou Charbell. Para ele, a desinformação ainda é um problema, mas a onda antivacinação não está se consolidando no país.

Participaram da reunião do Gabinete de Crise o subprocurador Geral d o Município, Gabriel Rangel; o procurador Leonam Rodrigues; a assessora chefe da Vigilância Sanitária, Vera Cardoso de Melo; o representante do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco (SINEPE), Bruno Lannes; a subsecretária de Turismo de Campos, Patrícia Cordeiro; entre outros.

Fonte: Ascom