Há mais de 45 anos, Atafona segue sefrendo e perdendo casas com o avanço do mar. A Organização das Nações Unidas (ONU), divulgou um relatório nesta terça (27) onde mostra que o nível dos mares subiu 15 centímetros nos últimos 30 anos em algumas partes do Pacífico. Em Atafona e na cidade do Rio de Janeiro, o aumento foi de 13 centímetros no mesmo período, mas, a má notícia fica para o futuro: em ambas o aumento esperado até 2050 é de até 21 centímetros, sendo 16 centímetros em média.

A praia do Açu, 5º distrito, também vêm sofrendo com a fúria do mar. Segundo especialistas, o que acontece é um fenômeno de transgressão do mar, que nos últimos 45 anos avançou três metros a cada 12 meses. A cada ano o mar avança cerca de 3 metros. Através de uma pesquisa, mais de 20 ruas e cerca de 700 casas já foram engolidas pelo mar. Em apenas um ano, a violência do mar sumiu com uma área do tamanho de três campos de futebol.

De acordo com informações do jornal O Globo, o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, emitiu um alerta mundial por causa da rápida elevação do Oceano Pacífico. De acordo com o relatório apresentado pela organização, as cidades no Brasil que serão diretamente afetadas pelo fenômeno são Rio de Janeiro e Atafona, em São João da Barra. “Em todo o mundo, o aumento do nível do mar tem um poder incomparável de causar estragos nas cidades costeiras e devastar economias litorâneas. Os líderes globais precisam agir: reduzir drasticamente as emissões globais; liderar uma transição rápida e justa para o fim dos combustíveis fósseis; e aumentar massivamente os investimentos em adaptação climática para proteger as pessoas dos riscos presentes e futuros”, disse o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

De acordo com pesquisas, o aumento do nível do mar é consequência do aumento das temperaturas, que causa o derretimento das calotas polares. À medida que o aquecimento aumenta e o gelo derrete, o mar sobe de nível.

Segundo a ONU, as ilhas do Pacífico são excepcionalmente expostas pois as temperaturas nos mares da região estão subindo muito mais rapidamente do que as médias globais. No local, a elevação média é de apenas um a dois metros acima do nível do mar. Cerca de 90% da população vive a apenas 5 quilômetros da costa e metade da infraestrutura está a 500 metros do mar.

O relatório aponta que os riscos e perigos costeiros impulsionados pelo clima não vêm apenas da elevação do nível do mar (SLR), mas também de sua amplificação de marés de tempestade, marés normais e ondas. A expectativa é que os perigos de inundação na costa das cidades aumentem devido ao afundamento local do solo, resultado de atividades humanas como construção de barragens ou extração de água subterrânea e combustíveis fósseis. Os efeitos combinados podem levar a danos na infraestrutura devido a inundações costeiras, intrusão de água salgada em aquíferos e rios, recuo da linha costeira e mudança ou perda de ecossistemas costeiros e setores econômicos, afirma a ONU.

No início dos anos 70, magníficos casarões foram sendo construídos, sendo o primeiro, da Indústria de Bebidas do empresário Hugo Aquino, na rua Capitão Nelson Pereira e assim as águas do mar vieram invadindo trechos da praia mais próximos à foz do rio, destruindo tudo que estava a sua frente.

Primeira notícia sobre o avanço do mar em Atafona

Foto: Fernando Antônio Lobato

O jornal ‘Voz de São João da Barra’ no dia 22 de agosto de 1974, trouxe a primeira matéria mostrando a fúria do mar que ameaçava casas do Pontal, em Atafona. Naquela época, como consta no jornal, a construção de um dique de pedras de 150 metros poderia resolver o problema dos pescadores do Pontal. Com o passar dos anos, um novo cenário vem sendo construído e casas estão sendo devoradas pelo mar avassalador.

O Pontal é conhecido também pelo grande encontro do rio Paraíba do Sul com o mar que atualmente sofre com a falta d’água e vem perdendo força.

Prédio de Julinho

No dia 05 de abril de 2008, a maré conseguiu tombar a construção, conhecida como Prédio do Julinho, construído pelo empresário Júlio Ferreira da Silva em 1973, que era referência na praia. O edifício, de quatro andares, foi projetado para abrigar um hotel com 48 apartamentos.

Atafona Praia Clube

O Atafona Praia Clube, situado na rua Feliciano Sodré, 229, Centro de Atafona, que já foi palco de diversos shows, em especial, aos bailes de carnaval que se transformavam em noites de muita folia, divididos em quatro matinês, no final dos anos 50, também foi destruído pelo avanço do mar.