Segundo o relato, o valor foi gasto com manutenção de carro, seguros, viagens, impostos, telefone e doação à Mitra. Padre afirma que foi autorizado pelo Bispo
Os doadores e demais membros católicos da Paróquia São João Batista informaram ontem, 03, durante missa dominical na Igreja Matriz, em São João da Barra, que o Padre Marcos Paulo Pinalli da Costa utilizou de cerca de R$ 35 mil, valor arrecadado através de doações para construção da Igreja São José, no bairro Água Santa. Segundo o relato, o valor foi gasto com manutenção de carro, seguros, viagens, impostos, telefone e doação à Mitra. Pinalli afirma que foi autorizado pelo Bispo.
Segundo um relato de um dos membros da comissão do projeto “Valei-me São José”, Sérgio Romero Lopes da Costa, a ideia do projeto foi lançado em 2015 com o objetivo de angariar fundos para a construção da Igreja de São José, a ser erguida em terreno reservado no bairro de Água Santa. Na oportunidade foi apresentado o projeto da nova igreja e a forma de contribuição.
– Os contribuintes imediatamente acataram a ideia, começando a aparecer dinheiro de vários lugares, até mesmo de outros estados. Apesar da constante insistência, a Comissão não conseguiu controlar os valores arrecadados, ficando o Padre Pinalli com toda a importância arrecadada. Naquela época, em 2015, desistimos de continuar arrecadando por falta de transparência e total irresponsabilidade do Padre Pinalli. Não conseguimos, por bastante tempo, saber da real situação do dinheiro arrecadado. Somente este ano que, segundo Pinalli, a quantia arrecadada, num total de R$45.830,00 (quarenta e cinco mil oitocentos e trinta reais), estava sendo depositada na conta corrente da Paróquia, no Banco do Brasil, mas não prestava contas dos valores arrecadados, nem queria utilizar os “fundos” para a causa destinada -, destacou Sérgio acrescentando que, a comissão não conseguiu saber sobre a real situação do valor arrecadado.
– Depois de diversos contatos e buscas, a Comissão descobriu que, do valor arrecadado, o Padre Pinalli utilizou indevidamente R$34.584,56 (trinta e quatro mil quinhentos e oitenta e quatro reais e cinquenta e seis centavos), importâncias essas que o próprio padre justificou como gastas em manutenção de carro, seguros, viagens, impostos, telefone, doação à Mitra, etc, segundo documento assinado pelo próprio padre e uma outra suposta equipe que ele nomeou em Grussaí -, disse.
A comissão, por diversas vezes procurou Pinalli e o seu superior hierárquico, tendo obtido promessas de solução para esse problema, confissão da dívida, etc. No entanto não foi obtido êxito e todos ficaram sem solução. A Comissão conseguiu ficar de posse dos documentos e livros de registro das arrecadações.
No vídeo, foi dito que por todo o exposto, a comissão já requereu e exigiu do padre a devolução de todos os valores arrecadados para o qual foi destinado. Depois do novo acordo para a devolução do dinheiro, Pinalli, foi pra rua contactar diversos católicos e contribuintes para a sua confissão de dívidas e pedir o perdão da sua proposital irresponsabilidade.
– Essa comissão está aqui presente para esclarecer que se sentiu usada e desrespeitada com essas atitudes, pois nos dedicamos intensamente em prol do objetivo proposto. Na última sexta-feira, 1º, não restou outra alternativa a essa comissão, de denunciar e requerendo ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), as providências necessárias -, finalizou.
O Padre Pinalli foi procurado pela equipe de reportagem do Parahybano e disse que ainda não foi notificado pelo Ministério Público.
– Tivemos a contribuição de 50 (cinquenta) benfeitores principais, cujos nomes e comprovantes de doação constam na ficha de inscrição e no livro caixa. Sei ainda que, tais benfeitores receberam a doação de outros para fechar a parcela mensal de R$200,00 (Duzentos reais) durante cinco (5) meses. Esta carta foi entregue a estes benfeitores principais inscritos. O dinheiro é da Paróquia e não da comissão. Hoje temos um caixa um saldo de R$ 17.671,62 (Dezessete mil e seiscentos reais e sessenta e dois centavos), e quem vai ficar responsável agora é o Padre Jorge Guimarães. Coloco-me à disposição para ir nas missas, falar e conversar com a comunidade, mas fui impedido pela comissão. Não tenho medo de falar a verdade. Infelizmente não conseguimos o valor total para alcançar o objetivo que era a compra do terreno. O dinheiro ficou todo no banco. Veio o período de crise econômica e abri mão do meu salário de padre para não demitir e tentar manter todos os gastos da Paróquia – comentou.
Pinalli destaca que se reuniu com o conselho e pediu autorização ao Bispo Dom Roberto Francisco para utilizar parte desse dinheiro e foi autorizado. “O Pároco em função de sua profissão poderia usar esse dinheiro que era patrimônio da Paróquia”, acrescentou.
“Durante todas conversas com os representantes de Pastorais com objetivo de resolver as algumas pendências, nenhuma resposta foi dada e o Bispo logo autorizou. Quem fez a doação, fez para a Paróquia. De fato, eu precisei da comissão para auxiliar no projeto. Uma vez não atingido o objetivo de usar o dinheiro para compra do terreno, foi usado. Fiz contato com os doadores que na sua maioria assinou não se opondo ao uso do dinheiro para sanar as pendência da Paróquia”, concluiu.
O projeto da igreja feito pelo arquiteto Victor Aquino previa um templo moderno com capacidade para acolher cerca de 400 pessoas sentadas. Não só uma igreja, mas anexo a ela o prédio onde funcionaria o centro pastoral paroquial com inúmeras salas, secretaria, administração, livraria e a casa paroquial no bairro Água Santa.
Confira nota do Padre Marcos Pinalli clicando AQUI.
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