O Cartório RCPN do 1° Distrito de São João da Barra já realizou sete casamentos homoafetivos nos últimos seis anos. O primeiro casamento foi registrado em 2015. Todas as mulheres decidiram oficializar a união.

Uma delas foi Gessika dos Santos de Almeida, de 25 anos, que junto com Sabrina Peixoto Nunes, de 32 anos, vivem juntas há 4 anos, mas somente no dia 8 de outubro, casaram-se no civil com alguns familiares e amigos. A comemoração foi realizada no TremLiche Restaurante.

Foto: Divulgação

A história das duas é de superação, elas tiveram que enfrentar preconceitos da sociedade, e também familiar por conta da orientação sexual. Gessika tem um filho, Miguel, que tinha três anos quando conheceu Sabrina. Juntas elas quebraram barreiras e construíram um lar cheio de amor.

As duas relataram que conheceram-se no hospital onde trabalharam juntas em 2017, o casal disse que foi amor à primeira vista, que sempre tiveram o mesmo sonho – namorar, noivar e casar – Apesar do amor que uma tem pela outra, Gessika diz que as duas sofreram muitos preconceitos. “Meu filho Miguel é completamente apaixonado por Sabrina, onde a chama de mamãe. Ele já foi questionado por ter duas mães”. Ela ainda conta que, tiveram que passar por muitas dificuldades com alguns familiares e amigos que elas achavam que eram amigos. Mas, que tiveram suporte de alguns membros da família. “Tivemos muito apoio da minha mãe, Mirian e também do meu cunhado, Carlos, irmão da minha esposa”, disse.

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Com uma relação de amor bem resolvida, elas que já moram juntas desde os cinco meses de namoro, decidiram dar mais um passo na relação: comprar uma casa juntas. Mas, elas contam que o sonho do casamento nunca ficou para traz.

“O sonho do casamento nunca ficou pra trás. Em outubro de 2020 mudamos para nossa casa. Um sonho de todo casal. Em setembro de 2021 sentamos e conversamos para nos casar em dezembro, mas, a ansiedade consumia, depois mudamos de ideia e demos entrada no casamento. Nos casamos no civil com amigos e alguns familiares no dia 8 de outubro, em São João da Barra, nossa cidade amada onde tudo começou”, destacou.

Preconceito

Gessika disse que, já teve até de mentir sobre ser casada com mulher por conta do preconceito.

– Até no dia do nosso casamento muitas pessoas passavam na rua e via duas noivas e ficavam olhando diferente. Teve pessoas que não acreditam que duas pessoas do mesmo sexo poderiam se casar no civil. Nunca precisamos de uma certidão de casamento para comprovar nossa união. Casamos pela vias legais das leis. Volto a dizer a mesma frase de anos só queremos Respeito e viver nossa vida. Homofobia, preconceito, enfim, nada nos abala -, concluiu.

Neste ano, já foram dois casamentos oficializados. Um em 2015, um em 2016, um em 2018, um em 2019 e outro em 2020.

Regulamentação

Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) criou jurisprudência para o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. No entanto, havia brechas para que pedidos de união estável continuassem a ser recusados, por não haver regulamentação específica.

Em 14 de maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou a Resolução 175, que passou a garantir aos casais homoafetivos o direito de se casarem no civil. Com a resolução, tabeliães e juízes ficaram proibidos de se recusarem a registrar a união.

Desde então, os direitos civis dos casais LGBTI+ foram ampliados em âmbito nacional e distrital. No ano passado, o plenário do STF decidiu, por unanimidade, que a Lei 6.160 do Distrito Federal, que estabelece políticas públicas para famílias, não pode excluir a união homoafetiva como entidade familiar.