dsc_0002O pastejo rotacionado – técnica de manejo intensivo do gado de leite – e algumas práticas sustentáveis de preservação e recuperação ambiental incentivadas pelo Programa Rio Rural (da secretaria estadual de Agricultura) estão mudando o perfil da microbacia Rio da Prata, que concentra aproximadamente 150 pecuaristas de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense.

Há cerca de um ano, os produtores familiares beneficiários do Rio Rural melhoraram a qualidade de vida e aumentaram a renda graças a instalação de 16 pastejos e outros 16 subprojetos ambientais, como a recuperação de áreas de recarga, de matas ciliares e de nascentes. Ainda este ano, outros 40 subprojetos relacionados aos mesmos temas devem ser executados com apoio do programa.

“A microbacia tem vocação para o leite. Muitos produtores chegaram nas reuniões do Rio Rural interessados em receber ajuda para a montagem dos pastejos rotacionados. Eles se basearam em casos de sucesso de agricultores que participam de outros programas governamentais, mas acabaram entendendo que a oportunidade era diferenciada. Hoje podemos dizer que a expectativa mudou completamente, porque essa técnica vem abrindo espaço nas pequenas propriedades para a recuperação das matas”, avaliou o médico veterinário da Emater-Rio e técnico executor do programa, Renato Côrtes.

Há quase dois anos, Washington de Souza Soares (38) trocou as lavouras de aipim e a produção de farinha pelo gado de leite. “Meu pai trabalhava com leite, mas começou a precisar de ajuda no manejo e eu ficava dividido. Chegou um momento em que resolvi me dedicar às vacas. Isso coincidiu com o apoio do Rio Rural e deu tudo certo”, relembrou o agricultor, que recebeu assistência para a formação de um pastejo rotacionado, recuperação de um hectare de área de recarga, com a formação de um bosque de árvores nativas, e a compra de uma roçadeira para o trato da pastagem.

Atualmente com 22 vacas leiteiras, Washington tira 440 litros por dia e tem planos para, em seis meses, aumentar a ordenha para 700 litros diários a partir da compra de mais 15 vacas e a formação de mais um hectare de pastejo rotacionado. “Além do capim de melhor qualidade, nossa propriedade ganhou com as espécies nativas, já que precisamos delas para manter a natureza forte. Quando estiverem grandes, vamos ganhar um bosque de descanso para os animais, que precisam de conforto e as árvores proporcionam isso”, revelou.

Quem também comemora os bons resultados é o pequeno pecuarista Mário Tadeu de Menezes (56). Há três anos participa do Programa Balde Cheio (da Embrapa Gado de Leite) e, no ano passado, ampliou suas atividades através do Rio Rural, além de ter investido na recuperação de área de recarga com o plantio de mudas nativas da Mata Atlântica. “O Rio Rural está proporcionando muitos benefícos em meu sistema produtivo. Antes, cada vaca do sítio dava oito litros diariamente e hoje esse número chega a 35. Até o fim do ano, pretendo produzir mil litros/dia”, avaliou Mário, cuja produtividade atual alcança, em média, 680 litros por dia, através 38 vacas de leite, divididas em três hectares do sistema pastoril.

Mário Tadeu e Washington, assim como muitos outros moradores da microbacia, investiram em ordenha mecanizada. “Nem tem como tirar tanto leite no braço. Ainda por cima, é melhor porque a chance de contaminação cai significativamente. Há pouco tempo investi mais um pouco e coloquei a ordenha canalizada. Vai direto para o tanque resfriador”, explicou o primeiro.

Todo o leite produzido no lugar é escoado para a Cooperativa de Macuco, na Região Serrana. Quem não conta com um tanque de resfriamento individual na propriedade encaminha o produto até a Associação de Produtores de Dores de Macabu, na própria microbacia, que, posteriormente, é recolhido pelo caminhão da Cooperativa. “Os produtores têm conseguido R$ 1,10 pelo litro do leite. É um preço bom porque trata-se de um produto de ótima qualidade. Cuidados com higiene e forragem de boa qualidade proteica garantem um leite cada vez melhor na região”, explicou Renato Côrtes.

 

Fonte: Rio Rural