O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse nesta sexta-feira (10) que o resultado do exame do paciente com suspeita de ter ebola deve sair em até 24 horas. Segundo ele, a situação está sob controle.
“Todos os procedimentos indicados no nosso protocolo foram efetivamente aplicados com muito êxito”, explicou. “Se nós tivermos o resultado do exame antes, imediatamente o tornaremos público. Pelo protocolo, é necessário confirmá-lo em dois laboratórios. Mesmo se esse resultado der negativo, será colhida em 48 horas uma segunda amostra para análise e posterior informação do resultado”, complementou.
Souleymane Bah, de 47 anos, é de Guiné, um dos países afetados pela epidemia da doença. Ele veio de lá no último dia 19 e procurou o hospital em Cascavel (PR) nesta quinta-feira (9) após apresentar sintomas de febre, que teriam iniciado na quarta-feira (8).
O guineense foi levado para o Rio de Janeiro em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e encaminhado ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), referência em doenças infecciosas.
Chioro disse que, no atendimento realizado, o paciente estava em bom estado geral, não tinha febre e não apresentava nenhum outro sintoma. Esse quadro, sem a presença de sintomas, persistiu desde a primeira triagem, isolamento e transferência para o Rio.
“[Ele não teve] nem hemorragia, nem diarreia, nem febre, nem vômito. A informação que ele reporta ao médico é que, na quarta-feira, teve febre, tosse e dor de garganta. O médico trabalha com essas informações e sintomas que forem detectados na consulta clínica”, complementou Chioro.
A análise das amostras de sangue colhidas do paciente foram levadas ao Pará, onde fica o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, responsável por apontar o diagnóstico sobre o caso. Inicialmente, O teste para malária deu negativo, segundo o ministro.
Bah chegou ao Brasil na condição de refugiado e, de acordo com o documento expedido pela Coordenação Geral de Polícia de Imigração, pode permanecer no país até 22 de setembro de 2015.
De acordo com Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde, é necessário investigar o trajeto desse paciente antes de sua chegada ao Brasil. Uma notificação sobre a suspeita foi feita à Organização Mundial da Saúde, a OMS, ainda na madrugada desta sexta, indicou o ministro.
Monitoramento
O Ministério da Saúde identificou 64 pessoas que tiveram contato com o paciente após a manifestação dos sintomas. De acordo com a pasta, em 60 casos o contato ocorreu na UPA, e três pessoas são profissionais que lidaram com o africano. Outros dois casais dividiam a mesma casa com o suspeito de contaminação.
O governo disse considerar que essas pessoas são consideradas “de baixo risco” para a doença, mas farão monitoramento da temperatura uma vez por dia ao longo de 21 dias, com exceção dos profissionais de saúde, que farão duas vezes
O contágio da doença não ocorre durante o período de incubação, informou o ministério. O vírus só é transmitido por meio do contato com o sangue, tecidos ou fluidos corporais de doentes, ou pelo contato com superfícies e objetos contaminados. “Pessoas que viajaram com esse caso suspeito ou que entraram em contato com ele no período que antecede o dia 8, quando os sintomas surgiram, não correm risco de manifestar a doença.”
“A gente não faz programação de que vai ter milhares de casos de ebola porque a análise de risco é baixíssima [para os países da América]”, disse Jarbas Barbosa. “O ebola é difícil de transmitir. Se você adota as medidas adequadas, [o vírus] fica quase impossível de ser repassado”, complementou.
Ajuda aos países atingidos pela epidemia
Nesta semana foi anunciada a criação de um grupo interministerial para definir medidas de ajuda humanitária aos países da África atingidos pelo ebola. O Brasil deve enviar alimentos, equipamentos e recursos financeiros.
As remessas seriam adicionais aos US$ 500 mil já doados pelo governo e aos 14 kits com materiais hospitalares. Segundo Chioro, nos próximos dias deve haver uma definição sobre a nova forma de ajuda.
De acordo com a OMS, 8.033 pessoas foram contaminadas pela doença e 3.865 delas morreram. O balanço é do dia 5 de outubro. O maior número de casos foi registrado na Libéria, seguido de Serra Leoa e Guiné. Senegal e Nigéria também registraram ocorrências, mas, aparentemente, o surto foi controlado.
Os Estados Unidos acenderam o alerta ao registrar o primeiro caso importado da doença. Thomas Eric Duncan, da Libéria, visitava sua noiva no Estado do Texas quando sentiu os sintomas da doença. Ele morreu em um hospital de Dallas na quarta-feira. O país investiga possíveis casos suspeitos.
A Espanha registrou o primeiro contágio fora da África. Uma enfermeira ficou doente ao cuidar de dois missionários, também espanhóis, que contraíram o vírus em Serra Leoa. Eles acabaram morrendo. A mulher está internada em estado grave.
Fonte: Globo.com