rio paraíba

 

A Câmara Técnica de Recursos Hídricos e Equipamentos Hidráulicos do Comitê do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana enviou uma nota técnica ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos e ao Comitê de Integração da Bacia do Rio Paraíba do Sul (Ceivap) para averiguação de um pedido que teria sido feito pelo Operador Nacional de Serviços Elétricos (ONS) à Agência Nacional de Águas (ANA) para que 17m3/s do rio Paraíba do Sul sejam destinados para reservatórios de hidrelétricas em todo o Estado do Rio. O motivo dessa mudança seria por conta do baixo nível do Paraíba.

Desde a década de 1940, o rio Guandu recebe 119 m3/s das águas do Paraíba para atender o Grande Rio, restando 71 m3/s para o restante do estado. Segundo um dos representantes do Comitê, Luiz Mário Concebida, a proposta da ONS ainda encontra-se em análise na ANA.

— Nos adiantamos para tentar impedir essa redução dos 17m/3. Então enviamos a nota técnica para que a Ceivap possa interceder e mostrar a real situação do Paraíba, que não está nada boa — disse ao ressaltar que caso o pedido de impedimento não seja acatado, a nota técnica defende que dos 17m3/s, 12 sejam reduzidos da quantidade que o rio Guandu recebe e cinco do restante.

De acordo com o documento enviado ao Ceivap, devem ser observadas as vazões mais baixas que o rio tem. “O erro consiste em acreditar que são observadas médias anuais superiores a 500 m3/s. Os resultados de estudos científicos da Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense) e UFF (Universidade Federal Fluminense) demonstram que o rio tem vazões muito mais baixas do que esse valor e por um longo período de tempo durante o ano”, diz o documento.

A nota acrescentou ainda que: “Os dados mostram que em mais de 80% do tempo são observados e medidos valores situados abaixo de 200 m3/s, com picos de vazões mínimas de 79 e 118 m3/s em São Fidélis e Campos, respectivamente”.

Ainda de acordo com a nota técnica, “qualquer diminuição do nível do rio, na ordem de centímetros, alteraria a dinâmica hídrica dos canais e lagoas da região, influindo também no lençol freático de toda a baixada campista”, diz a nota.

A redução de 17m3 seria mais uma intervenção no Paraíba, que já sofre com a possibilidade de transposição por parte de São Paulo.

Intervenção vai impactar município de SJB

Para o presidente do Comitê do Baixo Paraíba do Sul e secretário de Planejamento de São João da Barra (SJB), Sidney Salgado, qualquer intervenção no rio Paraíba do Sul irá impactar o município sanjoanense. “Em qual braço do Rio Paraíba do Sul está sendo medida a vazão? Uma foz é o braço direito do rio que sai em Atafona e o outro, o esquerdo, que sai em gargaú, em São Francisco de Itabapoana. Mesmo que a medição de vazão seja acima do ponto de separação dos dois braços, qualquer redução de vazão do rio irá impactar fortemente o município de São João da Barra, principalmente com relação à penetração da língua salina e o acirramento do processo erosivo da praia de Atafona”, disse.

O ambientalista Aristides Soffiati, em matéria publicada na Folha do dia 20 de abril de 2014, chegou a alertar as diversas intervenções no Paraíba e também os variados projetos de recuperação. “Há vários planos de recuperação. O primeiro que lembro é de 1982. De lá prá cá são vários, mas que não são postos em prática. Retira-se o tempo todo do rio e não se dá nada em troca”, comentou.

Fonte: fmanha.com.br