Em quase dois anos de funcionamento, o Centro de Atendimento ao Adolescente e à Criança Vítima de Violência (CAAC), que funciona no Hospital Ferreira Machado (HFM), já registrou 312 atendimentos a vítimas de violência sexual. O CAAC é um serviço fruto de um acordo de cooperação entre MPRJ, município e estado, oferecendo em um só lugar a assistência médica do HFM, atendimento psicológico e social, além do aporte da Polícia Civil. O espaço contribui para identificar os abusadores, inibir o número de casos, fortalecer a rede de proteção e evitar a revitimização de crianças e adolescentes.
O objetivo é resgatar a integridade emocional e a dignidade das vítimas com o novo processo de tratamento e apuração de crimes sexuais envolvendo crianças e adolescentes. No local, os pacientes são atendidos por uma equipe multidisciplinar, formada por assistentes sociais, psicólogos, pediatras, enfermeiros, ginecologista obstetra, médicos legistas e policiais civis, que fazem o registro de ocorrência. O serviço está ativo 24h por dia, de segunda a domingo. O CAAC Campos, é a segunda unidade do Estado e a primeira instalada no interior, sendo a terceira unidade do Brasil.
“Além dos nossos profissionais, o CAAC realiza juntamente com a polícia, o registro da ocorrência, a entrevista investigativa e a realização da prova pericial, agilizando o processo e garantindo menos exposição das vítimas. O objetivo é contribuir para a identificação dos abusadores e fortalecer a nossa rede de proteção”, explica o Presidente da Fundação Municipal de Saúde e Superintendente do HFM, Arthur Borges.
Fluxo de atendimento
Enfermeira e Coordenadora do CAAC, Alice Alves Farias, explica que a maior parte dos abusos ocorreram com pessoas próximas da criança e destaca que em sua maioria, os atendimentos no CAAC são às meninas. “Trazendo para a realidade do CAAC, a nossa maior demanda de atendimento é de 4 a 12 anos, mas também atendemos de 0 anos até os 18 anos incompletos. A maior demanda é de meninas, compondo 88% de atendimento e os meninos 12%, sendo 92% de abusadores homens e 8% de abusos cometidos por mulheres. Uma característica importante que a sociedade deve ficar atenta, que o abuso sexual infantil, também ocorre em um ambiente intrafamiliar, ou seja, o abusador está próximo da criança/adolescente, além disso, também, na maior parte dos casos, ocorre a exploração sexual e ameaças vindas do abusador o que faz a criança permanecer em silêncio”, esclareceu.
Alice ainda comenta que atualmente a média é de 20 atendimentos por mês no CAAC. “Há um crescente na demanda dos casos e precisamos que a sociedade nos ajude a quebrar o silêncio desse crime, denunciando e ajudando a vítima. Na suspeita de um abuso sexual, temos o recurso do Disque 100, uma ferramenta de ligação anônima, gratuita para denúncias sobre o caso. Também temos a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) e o Conselho Tutelar. Se o abuso ocorreu em 72h, pode levar a criança imediatamente para o HFM onde ela será submetida ao atendimento médico, profilaxia e teste rápido. Acima das 72h do abuso, o responsável vai até a delegacia fazer a ocorrência e depois, será encaminhado ao hospital. O nosso objetivo é prestar atendimento as nossas crianças/adolescentes no mesmo espaço físico de forma acolhedora e humanizada”, comunicou a coordenadora, destacando que no mês de junho foi realizada uma visita ao CAAC de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, buscando novas estratégias, a fim de oferecer um melhor atendimento na unidade em Campos.
O CAAC está iniciando uma parceria com o Programa Saúde na Escola (PSE), um programa do Governo Federal que funciona dentro da Secretaria de Educação do município, com o objetivo de levar informação, prevenção e orientação aos estudantes, pais e responsáveis das crianças e adolescentes em relação a violência sexual.