‘Aos contribuintes, I’m sorry, não devo nada’, diz o empresário sobre empréstimos do BNDES
O empresário Eike Batista disse que não tem mais dívidas e que está de volta aos negócios, com projetos na área de biotecnologia. “I’m back. Eike Batista zerou a sua dívida. E eu tenho algum patrimônio para começar”, afirmou na noite de sexta-feira,05, no programa Mariana Godoy Entrevista, da Rede TV!. “Quer saber qual o tamanho do meu patrimônio? Sabe o que está escrito no manual de um Rolls-Royce, na potência do motor? ‘O suficiente.'” Eike não quis dar detalhes, mas explicou que não pretende mais levantar recursos financeiros para os seus projetos na bolsa de valores. “Fundos de private equity e fundos soberanos ficam com você por dez anos”, afirmou.
Eike negou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tenha perdido dinheiro com os empréstimos que fez para as empresas do grupo X. “O BNDES ganhou comigo”, disse o empresário. Ele usou como argumento o fato de que parte do capital do banco vem de recursos subsidiados pelo Tesouro Nacional, ou seja, bancados pelos contribuintes. Mas ele negou estar em dívida com os brasileiros. “Eu não devo nada ao BNDES. A vocês contribuintes, I’m sorry, eu não devo nada.”
O empresário disse que as dívidas que tinha foram assumidas pelos credores que passaram a controlar as suas empresas. “A OGX tinha uma dívida de 5,7 bilhões de dólares com os credores. Eles assumiram o controle da empresa e, na negociação, aceitei todos os pedidos deles”, disse o empresário, que aproveitou para se defender. “Nos Estados Unidos, vergonha não é fracassar. Vergonha é não negociar de peito aberto, que foi o que eu fiz.”
O empresário criticou o ambiente de negócios ao tentar se justificar. “No Brasil, quando você é muito bom, vai atrasar dois anos na execução do projeto. É a nossa realidade”, disse Eike, citando greves trabalhistas e a demora na concessão de licenciamento ambiental como fatores que acabam atrasando a conclusão de projetos no país.
Eike é investigado pela suspeita de manipulação de mercado e uso de informações privilegiadas na negociação de ações de suas empresas. Ele já foi multado em 1,4 milhão de reais pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o órgão que regula o mercado de capitais, por irregularidades na divulgação de informações das companhias.
IMX
Ainda em junho deste ano, Eike colocou à venda a IMX, empresa que detém metade do Rock in Rio, 5% do Maracanã e da franquia do Cirque de Soleil no Brasil. A companhia foi oferecida a diversos fundos de private equities, mas o valor pedido assustou os interessados: 500 milhões de reais. A ideia era vender o controle, mas o empresário manteria uma participação minoritária. Até agora, os compradores não se manifestaram.
Fonte: Veja