O avanço da variante Ômicron em janeiro, com 21 óbitos e mais de 1.800 casos do novo coronavírus, levou Campos à Fase Amarela do Plano de Retomada Econômica, com adoção de novas medidas, em decisão tomada nesta segunda-feira (31), na 27ª reunião do Gabinete de Crise e Combate à Covid-19. Entre as decisões, a liberação de aulas presenciais para quem tiver mais de 12 anos e, para o grupo entre 5 e 11 anos, esperar até março, para ampliar a imunização.
A 27ª reunião do Gabinete foi antecipada em face das preocupações com o avanço de novos números de casos, explica o Secretário de Saúde, Paulo Hirano: “A variante Ômicron tem alta contagiosidade. Há poucas semanas tínhamos 5% de média dando positivo e, hoje, ultrapassamos 50% de positivo. Estamos tendo aumento dos casos graves, o que não acontecia antes. Mais de 90% dos casos de internados em UTI é de pessoas que não se vacinaram ou tomaram apenas uma dose e isso mostra a importância da vacinação”, pontuou Paulo Hirano, na condução do Gabinete de Crise.
O Secretário de Saúde reforçou a necessidade de conscientização da vacinação das crianças, na faixa de 5 a 11 anos de idade: “Pais, por favor, vacinem seus filhos, não deixe o arrependimento vir depois. As crianças são sim, vulneráveis ao vírus. Quando o vírus encontra grupo vulnerável, ele migra para esse grupo, buscando formas de se sobreviver e se replicar”.
Paulo Hirano disse que o Centro de Testagem de Covid-19, anunciado pelo Prefeito Wladimir Garotinho, já começa a operar nesta terça-feira (01), no ginásio aberto do Colégio Salesiano, com o agendamento podendo ser feito por link na página oficial do município (www.campos.rj.gov.br). Serão feitos mil testes/dia, a partir das 7h, com vagas destinadas para o agendamento eletrônico inicialmente.
Avanço de casos e óbitos
O Subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde, Charbell Kury, passou em seguida a apresentar dados epidemiológicos da pandemia: São 270 mil casos novos/dia no Brasil, sendo 97% da Ômicron. Em Campos, foram 1.804 casos em janeiro, contra 240 casos em dezembro, com 21 óbitos.
– Em primeiro de janeiro de 2022 eram 290 milhões de casos no mundo. Em 29 de janeiro foram mais de 372 milhões de casos, ou uma expansão de 80 milhões de casos, contra 10 milhões de casos apenas de janeiro a julho de 2020. Foram 80 milhões de casos novos, mas com 200 mil mortes, sem seguir o agravamento de mortes – enfatiza Charbell, ressaltando que a ampliação da imunização reduz o peso das internações graves e de mortes.
O epidemiologista Charbell elencou fatores que favorecem a prevalência do Covid-19: capacidade de furar barreiras sanitárias (59% das transmissões assintomáticas); transmissão por aerossóis (a gripe, por exemplo, é apenas por gotículas); e a formação de variantes (mutações, se tornando mais agressivo, letal e contagioso).
“Uma pessoa com Ômicron passa para 10 pessoas, enquanto a cepa original passava para 2 pessoas e a Delta para 5 pessoas”, lembra o subsecretário Charbell. Entre as conclusões da avaliação dos indicadores epidemiológicos estão, por exemplo, a necessidade de manutenção do uso de máscaras e evitar aglomerações. Novo Decreto será publicado no Diário Oficial do Município abordando mais medidas restritivas.
Vacinação de crianças e volta às aulas
“A não vacinação está levando crianças a serem internadas. Em Campos, se por alguma razão você decidiu não dar a vacina, é uma responsabilidade sua, expor seus filhos a riscos graves. Se você vacinar, você terá todo o atendimento técnico adequado no CRIE (Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais)”, reiterou Charbell Kury.
“Os critérios técnicos e científicos têm norteado as decisões desse Gabinete e, consequentemente, do governo”, assinalou Hirano, que continuou: “Eu chamo atenção dos pais, porque eles são responsáveis, para que vacinem seus filhos. Milhões e milhões de doses já foram aplicadas, sem nenhum óbito por complicação. A vacinação protege as nossas crianças. Campos sempre ultrapassou as metas estabelecidas pelo ministério da Saúde, para vacinação infantil e agora estamos tendo essa dificuldade”.
A Promotora Pública Maristela Naurath, presente na reunião do Gabinete de Crise, observou: “Fico feliz em expressar meu contentamento com a vacinação em Campos, com o que o município tem proporcionado à população”. A Promotora alertou: “Quando a vacina entra no PNI (Programa Nacional de Imunização), ela é obrigatória, e com uma determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para seguir o PNI, então, quem não vacina seus filhos, quando ela é obrigatória, o entendimento da promotoria da Saúde, é que o responsável pode responder pela não vacinação de seus filhos”, disse a promotora Maristela Naurath.
A Promotora Maristela Naurath deu um depoimento sobre um caso pessoal, envolvendo a sua filha, que tem histórico de reação a vacinas, e que ainda assim, como mãe, ela opta por se preparar para possíveis reações ao invés de não imunizá-la: “É mais importante que ela fique imune e não corra risco de vir a óbito, do que ela ter uma reação, como febre”.
O Secretário de Educação Marcelo Feres participou e lembrou que “não podemos continuar com perdas, sob o ponto de vista pedagógico. E quando a proposta vai ao encontro de uma solução definitiva, como uma proposta provisória, focando na vacina com indicação de presencial, é um fator chave, que não indica a perspectiva de uma falta de previsibilidade do retorno presencial. É muito relevante o fato do foco se concentrar na vacinação para a proteção de nossas crianças”.
Fonte: Ascom