O ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Campos, Nelson Nahim, concedeu na manhã desta quinta-feira (06/11), uma entrevista coletiva, no espaço onde funcionou seu comitê de campanha, no Centro de Campos.
Nahim ficou preso por 17 dias. Ele e outros quatro homens indiciados no processo de exploração sexual, que ficou conhecido em Campos como Meninas de Guarus, foram presos no dia 17 de outubro.
Ao lado de amigos e correligionários, além da esposa e filhos, Nahim ressaltou o apoio da família e dos amigos e afirmou que a prisão estaria diretamente ligada à questões políticas, as quais não pode citar.”Em respeito a justiça estou deixando de falar coisas que gostaria de falar”, disse ele.
Nahim fez questão de afirmar que nunca teve nenhum envolvimento com pedofilia e que sua prisão seria por causa de uma suposta coação de testemunha, o que ele também nega. Ele ressaltou ainda, que nunca foi ouvido no inquérito, no qual constaria depoimento de pessoas que nunca teria visto.
Sobre os dias que passou na prisão, o ex-vereador lamentou o sofrimento da família. “Não prenderam a mim, prenderam minha família toda, porque a vida de todos parou. Se tem uma coisa que eu não sou é perigoso para ser encarcerado sem ao menos ser ouvido”, disse o ex-vereador, que ressaltou ainda que no processo não há nenhum depoimento de pessoas que o tenham reconhecido como Nelson Nahim.
Perguntado sobre como seu nome foi envolvido no processo, Nahim afirmou que tem sua opinião, mas que não pode falar sem provas. “Aqueles que não posso mencionar os nomes, porque o processo corre em segredo de justiça, e que são covardes e não deixam as digitais, vão um hora ou outra ter o que merecem, se não pela justiça dos homens será pela justiça divina, discordo da decisão do juiz e recorremos em instância superior. Agora é importante resolver a questão judicial. Houve engano irreparável. A repercussão de minha prisão jamais será reparada e isso terá que ser visto no momento oportuno”.
Já sobre conhecer os outros indiciados no caso, declarou que sim por serem pessoas da sociedade, mas não por ter qualquer tipo de relacionamento mais próximo. Disse ainda que dois dos presos que nunca tinha vista, se surpreenderam ao o verem na delegacia no dia da prisão.
O ex-vereador, mesmo afirmando não querer dar mais detalhes, disse ainda que pessoas que ocupam cargos no Ministério Público, que ofereceu a denúncia, têm relação muito íntima com o Poder Público Municipal, indicando desta forma o seu posicionamento sobre uma possível interferência política no caso.
Sobre a possibilidade de voltar a ser preso, Nahim se disse confiante que não haverá, porque alega inconsistência no inquérito: “Não deveria nem ter sido preso como disse a desembargadora. A coisa é tão inconsistente que não tem vítima. Não se encontra uma linha de citação em meu nome. Quando perguntada disse conhecer de fotografia. Os advogados vão tomar todas as medidas e se ficar comprovado qualquer tipo de interesse serão tomadas as providências”, disse.
RELEMBRE O CASO
O caso Meninas de Guarus ganhou novos rumos no final de julho deste ano, quando a promotora do Ministério Público Estadual, em Campos, Renata Felisberto Nogueira Chaves encaminhou o caso ao juiz tabelar da Terceira Vara Criminal, Leonardo Cajueiro D’ Azevedo, que atua na Comarca de São João da Barra.
A primeira ação do caso, após cinco anos contabilizando apenas uma prisão e nenhuma solução, ocorreu no dia 17 de outubro, também deste ano, quando seis envolvidos tiveram os mandados de prisão expedidos e quatro foram cumpridos, já que um até o presente dia não foi localizado. À época, os nomes não foram divulgados devido ao caso tramitar em segredo de Justiça.
Além das prisões, seis motéis foram interditados por medida cautelar, dentro da operação, proveniente de um inquérito policial de 2010, que investiga a existência de uma rede de exploração sexual infantil que promovia encontros sexuais com menores, dentro do caso Meninas de Guarus.
Durante a prisão de um dos acusados, os policiais encontraram um sacolé de cocaína dentro do bolso, durante revista.
O processo tramita em segredo de justiça e, portanto, não se tem informações de quais razões levaram a Desembargadora a deferir liminar do habeas corpus do ex-vereador Nelson Nahim, assim como das razões pelas quais foram expedidos os mandados de prisão.
O ex-vereador inicialmente foi levado para a Cadeia Pública, em Campos, mas dias depois foi transferido para o Complexo de Gericinó, no Rio de Janeiro. Nelson Nahim está em liberdade, por força de um Habeas Corpus concedido na última segunda-feira (03/11), pela desembargadora Rosa Helena Penna Guita, da 2ª Câmara Criminal do TJ/RJ.
Fonte: Ururau