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Foto: Antônio Cruz

O rio Paraíba do Sul vive atualmente a cota mais baixa de toda a sua história. E essa escassez está obrigando a estação de captação de São João da Barra — Cedae — a interromper rotineiramente o abastecimento na cidade, o que reflete a gravidade da situação atual. O avanço do mar sobre a foz do rio também tem interferido na qualidade da água devido aos altos níveis de salinização, preocupando ainda mais ambientalistas da região.

Medindo aproximadamente 4,80, o rio está abaixo até mesmo da régua de medição, que é de 5 metros. Como se não bastasse, a transposição proposta pelo governo do estado de São Paulo, se aprovada, irá agravar ainda mais os problemas já causados pela baixa vazão, segundo autoridades no assunto. Em maio deste ano, o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, por iniciativa do procurador da República Eduardo Santos de Oliveira, protocolou ação civil pública contra o projeto paulista de transposição do Paraíba do Sul. A bacia hidrográfica é a principal fonte de abastecimento do estado do Rio de Janeiro.

Segundo o ambientalista Aristides Soffiatti, caso seja aprovada a transposição, os transtornos que já são vivenciados pela população de São João da Barra, causados pela salinização, serão ainda mais agravados. Além disso, ele ressalta que Campos deveria começar a providenciar um reservatório de água, para evitar o gasto excessivo e desnecessário da água do rio Paraíba.

“O nível do rio vai ficar ainda mais baixo, prejudicando pecuaristas e causando agravos para o setor pesqueiro. Uma das soluções apresentadas, e isso será discutido, seria um projeto de regularização da vazão do rio. Dessa forma, tanto represas quanto as nascentes no Noroeste seriam preservadas, aumentando, assim, a vazão do Paraíba. Se não tiver uma medida reparadora e de contenção, os danos serão ampliados”, disse Soffiati.

Para o gerente da Cedae (estação litorânea Norte), Ranieri Felisberto, a população ainda não está sentindo os efeitos que a salinização da água provoca na qualidade e abastecimento. No entanto, a cada 24 horas estão sendo realizadas, no mínimo, 8 horas de interrupção — o normal são duas horas, somente. “A população não está sentindo a escassez. Ainda estamos conseguindo manter o abastecimento dentro da normalidade, mesmo com tantas interrupções. A nossa preocupação é com a qualidade da água”.

De acordo com o secretário de Agricultura de Campos, Luiz Eduardo Crespo, as possíveis consequências da estiagem já preocupam, mas não há nada a ser feito. “Quando se trata de enchente, até há medidas a serem tomadas para amenizar as consequências. Mas, nesse período de estiagem, o que resta é esperar chegar o período de chuvas. O fato de as represas da bacia do Paraíba terem atingido seus níveis mais baixos causa preocupação porque vem de lá o grande volume para o abastecimento de água”, declarou Crespo.

Fonte: Folha da Manhã