A OSX que ainda mantinha, mesmo em recuperação judicial e com as obras da Unidade de Construção Naval (UCN – estaleiro) interrompidas, cerca de 45 trabalhadores no Açu, decidiu ontem, dia 05, demitir um contingente de 25 trabalhadores que atuavam no Açu.
A área de 3,2 milhões de m² que a UCN/OSX ocuparia já foi devolvida para Prumo controladora do Porto do Açu, na negociação da recuperação judicial. O fato se derivou da falta do pagamento de aluguel à Prumo, pelo uso da área pela OSX, em contrato assinado da época em que a empresa era ainda a LLX.
Na lista de desligamentos, gerentes também foram demitidos do “canteiro de obras” do Açu. Há cerca de um mês vários caminhões com equipamentos, partes de pontes rolantes e outros que estavam estocados no Rio e pagando aluguel, foram transportados para o canteiro da OSX no Açu, para cortar despesas.
Assim, os equipamentos e as estruturas à beira-mar correm o risco de enferrujarem e se deteriorarem, como já está acontecendo, por conta da interrupção das obras de implantação, acontecidas desde 2013, quando do estouro da crise do grupo X.
Segundo o blog de Roberto Moraes, comenta-se que a Prumo (ex-LLX) dona da área, junto com o restante dos funcionários que restaram na OSX, nesse processo de recuperação judicial, ficarão com a função de manter e preservar o que lá existe na expectativa de que consigam um contrato com algum interessado na área do estaleiro.
É ainda oportuno recordar que uma outra área junto ao terminal 2, contígua à da UCN/OSX está instalado o Consórcio Integra, em que a OSX é sócia com 49% tendo a Construtora Mendes Junior, 51% de participação.
O Consórcio Integra chegou a ter cerca de 800 funcionários que atuavam na montagem dos módulos das plataformas P-67 e P-70. Hoje, o Consórcio com as centenas de demissões que promoveu, ficou com apenas cerca de 100 trabalhadores.
Um super guindaste o Mammoet que veio da Coreia por encomenda da OSX, como sua parte no acordo com a Mendes Jr, começou a ser montado na área do Açu, mas logo a seguir o trabalho foi interrompido. A maior parte das peças do guindaste estão guardados em contêineres.
As 25 demissões, chamadas de desligamento dos colaboradores, foram informadas hoje aos trabalhadores. Também na quinta-feira, 05, a diretoria da OSX comunicou aos trabalhadores, por correio eletrônico, em que os demitidos também tiveram acesso, algumas mudanças na direção da empresa.
Uma única pessoa, Marcello de Souza Marin passou a acumular os cargos de diretor presidente, diretor financeiro e de relações com investidores. Nesse mesmo comunicado, também foi informado o desligamento de Vladimir Kundert Ranevsky que antes ocupava também cumulativamente esses três cargos. Foi ainda informado sobre a nomeação do José Américo de Almeida Costa para um cargo de “diretor sem designação específica”.
O José Costa era o gerente que vinha atuando no Açu nos últimos meses e com questionamentos dos trabalhadores, por mudanças que teria submetido à Cipa da empresa, além de outras medidas. Uma delas seria a obrigação da ginástica laboral no início do expediente, sem acompanhamento de profissional especializado, além de alinhamento das equipes ordem quase militar.
É ainda oportuno recordar que a empresa OSX, uma da holding EBX, tinha dois braços, um de serviços e de afretamento de embarcações que atende à OGPar (ex-OGX) e a outra que era o estaleiro, ou a Unidade de Construção Naval (UCN) que teve sua construção interrompida, junto ao terminal 2 do Porto do Açu.
Não será simples o esforço de viabilizar algum contrato com empresa interessada nesse tipo de investimento, num momento em que a indústria naval brasileira vive uma série crise considerando sua relação umbilical com o setor de petróleo, que tem a maioria das encomendas de plataformas, petroleiros, sondas e embarcações de apoio.
O preço mais baixo do barril de petróleo obriga não apenas a Petrobras, mas, outras empresas do setor a rever contratos e seus planos de investimentos. Além disso, a situação delicada da Petrobras com as apurações relacionadas à Operação Lava Jato mexe diretamente com este setor e algumas dessas encomendas.
Por outro lado, há quem enxergue e vislumbre chances de empresas que não estão envolvidas nos atuais contratos em poderem absorver alguns desses contratos, numa rearrumação do setor.
Enfim, a possível implantação da base portuária da Edison Chouest Offshore (Eco), também junto ao terminal 2 do Porto do Açu pode interferir no caso. As obras de implantação da base portuária da Eco seguem, num ritmo lento, enquanto aguarda decisão da licitação da Petrobras, para fornecer base de apoio à movimentação de cargas offshore para a Bacia de Campos ES.
A possível confirmação da contratação da Edison Chouest pela Petrobras, poderá trazer uma dinâmica que se relacione a essa área, que foi projetada para uso da UCN/OSX e que agora enfrenta uma dura recuperação judicial, que, aparentemente parece muito próxima de um processo de liquidação.
Fonte: Blog do Roberto Moraes