Dentre as diversas atividades ligadas ao movimento portuário em São João da Barra, a Construção Naval era das mais destacadas. A grande oferta de variadas madeiras de lei, abundantes na região, a intensa e frequente procura por novas embarcações e farta mão de obra especializada, faziam a atividade importante e valorizada.
Muitos foram os que enriqueceram com o ofício e havia, no meado do 1800, nada menos que 6 estaleiros, com grande movimento.
Dentre eles, destacava-se o estaleiro dos irmãos Antônio e Domingos Ferreira dos Santos. Portugueses, naturais de Santa Cruz de Jovies, bispado de Penafiel, filhos de Manoel Ferreira da Cunha e Luiza Ferreira dos Santos, os dois irmãos casaram-se em São João da Barra, onde deixaram vasta geração. Antônio casou com D. Maria Gomes do Rosário, filha de Maria do Rosário e do Tenente Manoel Gomes de Azevedo.
Domingos casou com D. Claudina Maria e foram pais de:
05- Esmerilha Ferreira dos Santos, casada com Frederico Vieira de Freitas, residentes na Corte.
Domingos faleceu em 19/02/1870 e D. Claudina em 24/02/1885.
Dos bens desse casal constavam no inventário:
Um Patacho denominado “Princesa Imperial”, com lancha, bote e todos os acessórios;
8 ações da Campanhia de Navegação Marítima,
A mobília do sobrado composta de:
12 cadeiras de palhinha, 4 cadeiras de braço, 1 sofá de palhinha, 1 mesa de centro, 3 serpentinas com pingentes, 2 jarras de porcelana, 1 tapete; 1 outro sofá, 2 consoles, 2 mangas de vidro, 1 mesa de jantar, 1 relógio americano, 7 cadeiras de palhinha, 1 guarda louça, meio aparelho para chá, meio aparelho de granito para almoço; 1 cama francesa, 1 lavatório com pertences, 1 meia cômoda, 1 oratório, 2 marquesas, 1 retrete…
Prataria, composta de 2 castiçais, 2 salvas, 1 paliteiro, 1 concha para sopa, 1 colher para arroz, 1 colher para chá, talheres de sopa e chá, 3 globos para iluminação; 2 cordões de ouro com uma figa e uma N.S. da Conceição.
A curiosidade: esse sobrado ficava situado no local em que hoje foi construída a ‘Policlínica’, onde ao lado havia um beco que dava acesso à rua Joaquim Thomaz de Aquino Filho, fechado no inicio do século XX.
Por Fernando Antônio Lobato Borges