Ex-goleiro da seleção brasileira é o primeiro nome confirmado nas mudanças no comando verde-amarelo depois do fracasso na Copa do Mundo

gilmarrinaldi_brunodomingos_mowapressO presidente da CBF, José Maria Marin, anunciou na manhã desta quinta-feira que o ex-goleiro Gilmar Rinaldi será o coordenador de seleções da entidade – cargo antes inexistente. Ele decidirá, junto com o comando do órgão, o nome do substituto de Luiz Felipe Scolari, que não teve o contrato renovado depois do fracasso na Copa do Mundo. O novo técnico deve ser confirmado no início da próxima semana e, pelo que foi afirmado na entrevista coletiva, no Rio de Janeiro, não será estrangeiro.

– É importante que o treinador, que vai ser escolhido em conjunto com o presidente, esteja em sintonia direta conosco. Vamos viajar muito, assistir a jogos, treinamentos e interagir com treinadores. Precisamos saber o que está acontecendo. Precisamos adaptar o que está acontecendo ao nosso estilo e à nossa cultura – afirmou o novo coordenador.

Integrante do elenco tetracampeão mundial em 1994, Gilmar Rinaldi, 55 anos, já exerceu cargo diretivo no Flamengo, um dos clubes onde atuou – também passou por Inter, São Paulo e Cerezo Osaka, do Japão. Depois de aposentado, trabalhou como empresário, gerenciando a carreira de jogadores. Em sua primeira manifestação, Gilmar disse que não haverá conflito ético no novo cargo, visto que deixou de ser agente.

– Quero deixar bem claro que minha atividade de agente de futebol não existe mais – disse ele.

Segundo Gilmar Rinaldi, já existe uma ideia inicial sobre quem será o novo treinador.

– Conversamos algumas coisas e estamos em contato. Traçamos um perfil e vamos conversar com essa pessoa. O mais importante é definir o que nós queremos e o perfil desta pessoa que queremos. Temos que reconhecer que precisamos mudar. Temos amistosos em breve. Não temos tempo para pensar, é hora de trabalhar.

A expectativa de Marin é anunciar o novo técnico até terça-feira.

– Nós pensamos (em anunciar o novo técnico) no início da próxima semana, talvez. Depende de algumas conversas que vamos ter neste fim de semana e esperamos até terça-feira (fazer o anúncio). É muito importante que o treinador, além da sua capacidade técnica, esteja dentro do que foi exposto aqui. O Gilmar vai participar ativamente desta escolha. Esperamos, no mais tardar, estar aqui na terça-feira para apresentar o novo treinador.

Confira abaixo alguns pontos abordados por Gilmar Rinaldi em sua coletiva de apresentação:

Estrutura

– Na verdade, nós saímos de uma Copa com muitos ensinamentos e vamos usar essa estrutura. A estrutura está bem mais preparada do que nós pensávamos. É a hora de arriscar, de ousar e acreditar no trabalho. Se percebemos que esse é o caminho, nós vamos atrás disso.

Perfil do treinador

– Será que alguém que siga essa filosofia. A pessoa que vem precisa saber as dificuldades de assumir a Seleção e dos valores que serão passados aqui dentro.

Treinador estrangeiro

– Não é o momento. Vamos buscar em nossa casa alguém que conheça o nosso futebol, nossas qualidades, nossos defeitos. O tempo que nós temos nem é tão grande, e temos que definir isso logo.

Filosofia

– É uma nova forma de ver as coisas. Partindo da seleção do Gallo. Temos que avançar em algumas coisas que a comissão antiga não teve tempo de fazer. O momento é esse. Teremos a chance de fazer algo que muitos não tentaram fazer. A prioridade é a base. Vamos priorizar o coletivo, e não o individual. Nós temos sempre algo a mais, o talento individual que surge todos os anos, mas temos que privilegiar a base.

Alemanha como exemplo

– Você precisar acreditar no trabalho e no projeto que está disposto a fazer. Será um projeto diferente. Vamos aprender a cada dia. O maior exemplo que a Alemanha me deu foi no primeiro jogo. O maior ensinamento que a gente tenha além da parte tática. Eles tinham um jogador no elenco, e mesmo com o time ganhando de 4 a 0, o treinador não colocou esse jogador em campo. Eu me perguntei: “Por que ele não colocava o Klose para fazer o gol?”. O coletivo estava acima do individual. Eles tinham o objetivo, ele teria a chance de fazer o gol dele. Teremos sempre o plus do jogador brasileiro, do craque. Todos sabem que continuaremos produzindo jogadores e temos que buscar isso.

Trabalho como agente

– Já há algum tempo, e o pessoal da imprensa sabe disso, que eu havia desistido de continuar. Mantive alguns jogadores por lealdade. Esses jogadores foram comunicados ontem à noite por uma mensagem e não devem ter entendido. Tive uma passagem pela Seleção desde 1984 e até 1998, quando eu fui observador. Eu tenho que trabalhar duro, acreditar no meu trabalho e pensar no futuro.

Incômodo com a Seleção de 2014

– O que mais me incomodou no jogo com a Alemanha foi o boné. Não o boné, mas o que estava escrito (“Força, Neymar”). Ali deveria ser “Força, Bernard”. No futebol é tudo muito rápido, dinâmico. Deveria ter “Força, Bernard” ou o nome do jogador que vai entrar. Me incomodou, comentei com meus filhos.

 

Fonte: Globo.com