Foto: Divulgação

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A Vila de São João da Barra ja era um movimentado porto, povoado de portugueses e nativos em intrincados laços familiares, quando ocorreram os movimentos separatistas de Portugal e a Independência do Brasil.

Com participação efetiva nosso povo tomou parte em todos os acontecimentos. Em 22 de maio de 1822, veio um convite dos Bons do Povo do Rio de Janeiro para nosso Senado aderir a pedir-se ao Príncipe para ficar no País, já em 21 de Junho, na presença do ouvidor interino Libanio, na presença dos republicanos e Bons do Povo, depois dos discursos assinaram o Termo, no fim do qual seguiram para a Matriz onde cantou-se um Te-Deum.

Contudo, foram diversas as confusões entre os patrícios e os nacionais que em altercações e contendas chegaram as vias de fatos. Essas querelas só cessaram quando o Ouvidor Interino José Libanio de Souza fez correr um bando seguinte: ” José Libanio de Souza, Juiz de Fora, das Vilas de São Salvador e São João da Barra, e interino Ouvidor da Comarca etc.

Faço saber aos habitantes festa Vila de São João que tendo no dia 04 do corrente aparecido nesta mesma bola a suposta ideia de que os brasileiros se queriam levantar com os portugueses, ideia esta que traz consigo os horrores da anarquia, e que tanto perturba a nós ordem e tranquilidade pública, chegando ao excesso de correr à casa de um cidadão sem ordem alguma judicial, só por uma mera desconfiança, e com frívolo pretexto; e sendo das sábias determinações de S.M. o Imperador que entre os seus súditos jamais deve haver a perniciosa distinção de nacionalidade dos cidadãos desse Império; por isso, em nome do mesmo Augusto Senhor, recomendo aos habitantes desta bola que devem inteiramente cessar-se semelhante distinção de lugar de nascimento, devendo só distinguir o verdadeiro brasileiro, quer seja neste ou naquele hemisfério, uma vez que tenha abraçado a sagrada causa do nosso Império, devendo só distingui-lo a maior adesão à mesma sagrada causa, pois que todos são membros dessa mesma sociedade.

E todo aquele que insultar por palavras, ou de outra qualquer maneira em razão de sua naturalidade, serão imediatamente processados com todo o rigor das leis, o que espero não será preciso por em prática, pois confio na obediência e fidelidade deste povo. E para que chegue a notícia de todos, mandei passar e escrever este bando, que será apregoado pelas ruas. Dado nesta Vila de São João da Barra aos 09 de Janeiro de 1824.

Finalmente em 11 de Abril foi jurada a Constituição com aprovação e regozijo de todos; cantou-se Te-Deum e iluminou-se a Vila por três dias. Nesta ocasião fez-se a mudança do quadro de D. João VI, que em rico e dourado caixilho ornava a Sala do Senado onde foi colocado em 1814, para substituir pelo de D.Pedro I e sua esposa.
No contexto da independência, alguns fatos relacionados a diversas revoltas de escravos movimentaram a Vila, quando notícias davam conta que a tão propagada Liberdade dos brasileiros se estenderia também aos cativos. Reprimidos com severidade, estes fatos passaram por jocosos causos.


Por Fernando Antônio Lobato