“Teatro”, com esse nome temos a primeira referência no jornal “O Parahybano” de 24/10/1862, que assim anuncia o Teatro Provisório do Sr. Levreiro e sua Companhia Ginástica Italiana e Familiar. Na verdade números de circo com palhaço, acrobatas e malabaristas.
Já em 12/12/1867, o mesmo jornal anuncia o Teatro de São Sebastião e a Companhia Dramática particular do Sr. Manoel da Silva Rovalho, que apresentou a comédia “Manda Quem Pode”.
O livro “Teatro no Brasil” cita o português Eugenio Maria de Azevedo, teatrólogo que foi escrivão da Vila de São João da Barra em 1808. Fernando José Martins também é citado no mesmo livro aparecendo como autor teatral das comedias burlescas de “O Tolo Fingido” e ” Logro Não Previsto”.
Outros anúncios de jornais demonstram que a atividade teatral na cidade no fim do séc. XIX foi bastante intenso. Uma figura de destaque na época foi o Joaquim da Câmara Pavão que fez a arte de Moliere ganhar vida. Foi bastante profícua a sua obra teatral.
Eram Companhias itinerantes que congregavam os membros de uma mesma ou várias famílias. Companhias de Teatro Provisório faziam a diversão do povo que desde a chegada de D. João ao Brasil, modificou o seus hábitos.
Câmara Pavão movimentou o teatro e fez discípulos. Foi tão intenso o movimento teatral na cidade no fim do XIX que a Sociedade Beneficente dos Artistas resolveu sob a presidência do Coronel Cintra, erguer um prédio para abrigar aquela arte tão rica na cidade.
Em 1906, sem a presença do pranteado Cel. Cintra, foi inaugurado “O Teatro São João”. No palco, Pai Quinzinho Pavão apresentou a peça “O Emigrado”. Tempos depois, fundou o Grêmio Teatral “Filhos do Progresso” que durou longos anos em suas mãos.
Desse grupo destacou-se Coriolano Henriques da Silva, que além de excelente ator foi também profícuo autor de sua lavra, a peça “Amor Maternal”, que levou as lágrimas plateias em São João da Barra e Campos dos Goytacazes. Coriolano, foi um dos mentores do Grupo Teatral Joaquim da Câmara Pavão que deu prosseguimento ao teatro na cidade nos anos de 1940/60.
O imponente teatro na década de 1910 iniciava com a exibição de fitas, primeiro cinema mudo e depois falado, por isso importam da Alemanha dois magníficos projetores.
Os anos de 40/60 tem o grêmio Câmara Pavão que depois desaparece. Nos anos de 1970, surge o “GRATS” comandado pelo Sargento da Marinha Deusdedith Galia e Wilson Oliveira, este agitou a cidade com suas peças reunindo a juventude da época.
Nos anos de 1980, surgiram os grupos “Quem Tem Boca Vai A Roma”, “Tema” e “Balcão Nobre” que levaram peças como “Pagador de Promessas”, “Santo Inquerito” e “A Dama das Camelias”.
Nos anos 90, um festival de teatro infantil movimentou o velho prédio do teatro já abandonado. Uns poucos espetáculos de academias de balé movimentam o prédio decadente.
Em 2003, surge então um grupo de teatro de manifestação para reabertura do teatro que estava abandonado, o “Nós na Rua”. Em 2005 a Prefeitura desapropria o prédio e restaura, reabrindo no ano do centenário, 2006.
Por Fernando Antônio Lobato Borges