Foto: Agência Brasil / Marcelo Carmargo

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Os dias difíceis não acabaram. O novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu ontem, 13, que medidas “duras, mas necessárias” serão tomadas para reduzir a crise econômica. O segundo homem mais poderoso de Brasília não se esquivou de traduzir o significado prático dessa dureza. O governo Temer estuda aumentar impostos para melhorar a arrecadação. Meirelles não detalhou o percentual dos tributos, mas prometeu que será algo transitório.

“Qualquer aumento de tributo tem que ser proposto como temporário se acontecer e se for necessário”, analisou Meirelles, depois da primeira reunião ministerial do governo Temer. “O nível de tributação já é elevado no Brasil e esse é um fator negativo para o crescimento econômico”, completou. Mesmo com todas as ponderações sobre o excesso de imposto no país, o ministro reconheceu que o governo não descarta a ideia de recriar o chamado imposto do cheque, a CPMF, para reduzir o déficit nas contas públicas e engordar os cofres do governo. A proposta chegou a ser enviada pelo governo Dilma ao Congresso, mas não foi votada porque a então oposição reagiu fortemente à medida. Ao ser questionado sobre essa contradição, Meirelles respondeu categórico: “Estamos discutindo isso”.

Em sua primeira coletiva de imprensa, Meirelles tratou de temas espinhosos e preocupantes para os contribuintes. Ele insistiu que é preciso mudar as legislações trabalhista e previdenciária. O ministro espera que o Congresso aprove as mudanças nas relações de trabalho e nas regras da aposentadoria.

Controverso, ele disse que a proposta de reforma da Previdência deve respeitar os “direitos adquiridos”, mas ressaltou que esse conceito é “impreciso”. “Mais importante do que saber o valor do benefício ou a idade em que vai se aposentar, é ter a segurança q de que haverá recursos para pagar a aposentadoria”, disse o ministro, defensor da definição de uma idade mínima de 65 anos para homens e mulheres se aposentarem.

Meirelles contou que está preparando um diagnóstico das contas do governo e que, em breve, apresentará um retrato do caixa encontrado pela nova equipe econômica. Ele acha que asociedade está preparada para ouvir uma avaliação “realista e honesta” do cenário e das estratégias para a retomada do emprego e da renda. “O que não é possível, é continuar como está”, frisou.

Temer sem milagres

Em entrevista à revista ‘Época’, o presidente interino Michel Temer contou que “ainda não caiu a ficha” de que ele é, de fato, o responsável por tirar o Brasil de uma das mais graves crises de sua história recente. “Quero, com a ajuda de todos, botar o país nos trilhos nesses dois anos e sete meses. Não vou fazer milagres em dois anos”, afirmou Temer. Seu tempo, no entanto, ainda é menor. Por enquanto, ele só tem 179 dias no governo até o julgamento de Dilma no Senado.

Ministro Jucá promete cortar quatro mil cargos comissionados

Após a primeira reunião ministerial, a equipe do presidente interino Michel Temer sinalizou que o déficit fiscal deve ser maior do que o esperado, anunciou uma série de cortes em cargos comissionados e disse que há a intenção de fazer um pente-fino em empresas estatais.

O novo ministro do Planejamento, Romero Jucá, prometeu cortar quatro mil cargos até o final deste ano. Jucá contou que o presidente determinou que todos os ministros ocupem no máximo até 75% das funções gratificadas e cargos comissionados.

Fonte: O Dia