Plataforma_Petroleo

Foto: Divulgação

A situação dos municípios dependentes dos recursos dos royalties não é nada boa. Anunciado para esta quinta-feira, 28, o repasse dos royalties do petróleo do mês de janeiro, o dinheiro só foi liberado no final do dia nas contas dos municípios produtores. Além da apreensão em torno da efetivação do depósito ao longo do dia, que já estava há uma semana atrasado, os gestores de vários municípios já anunciam seus cortes e dizem que a situação tende a piorar ainda mais. Em Quissamã, a redução no repasse dos royalties afetou os programas sociais. Macaé instalou um gabinete de crise e, nesta quinta-feira, aconteceu uma reunião, entre poder público e sociedade civil, para discutir mais medidas a serem tomadas e novos cortes.

A boa notícia do dia foi que os preços de barris de petróleo mantiveram a alta da última quarta-feira, acima de US$ 32, apesar das fortes perdas nas bolsas chinesas e também dos dados de aumento de reservas de crude nos Estados Unidos. O barril de Brent em Londres operou ontem acima dos US$ 34.

Os valores de janeiro a serem pagos aos municípios produtores são os menores dos últimos 10 meses, As perdas nos repasses para a região chegam a 22%, no caso de Rio das Ostras. Para Campos serão depositados R$ 27.589.641,21, valor 20,7% menor que o repassado em dezembro, quando foram pagos R$ 34.789.620,01, e 32% inferior ao de janeiro de 2015 (R$ 40.621.895,13).

São João da Barra recebe este mês R$ 6.492.118,07. Em dezembro, o depósito para o município foi de R$ 8.000.717,34 e em janeiro do ano passado, de R$ 8.568.223,20, representando perdas de 18,86% e 24,23%, respectivamente. Para Macaé serão depositados R$ 24.933.481,66, valor 19,13% inferior que o repassado no mês anterior e 24,51% menor que o de janeiro de 2015. Quissamã também teve perdas expressivas nos recursos a serem pagos este mês. São R$ 3.941.549,62, diante dos R$ 5.032.233,08 depositados em dezembro e R$ 5.491.582,63 do mesmo mês do ano passado.

De acordo com o superintendente de Petróleo e Gás do município de Campos, Marcelo Neves, a queda do repasse dos royalties de Campos para janeiro já era aguardada pela prefeitura.

—Nós fazemos acompanhamento e levantamento rotineiro do cenário nacional e internacional do petróleo e o valor bateu com nosso levantamento. Sabemos que os próximos meses o valor do repasse irá cair ainda mais. O grande responsável desta queda é o preço do barril do petróleo, que vem sendo comercializado a preços muito baixos. O encolhimento do consumo da China é outro fator.

Especula-se que o barril do petróleo chegue este ano entre U$ 20 e U$25 e para tanto a prefeitura já está se precavendo, com o pacote de medidas para enfrentar esta crise, publicado no início da semana. Infelizmente a arrecadação de todo o Estado caiu e temos que lidar com isso, mas no cenário internacional, tudo pode mudar a qualquer momento — explicou o superintendente.

O Banco Mundial reviu sua projeção para o preço do petróleo em 2016, de US$ 51 para US$ 37 o barril, levando em conta o aumento da oferta no mercado e com a esperada queda na demanda de países emergentes pela matéria-prima.

O ministro de Energia da Rússia, Alexander Novak, afirmou nesta quinta que a Arábia Saudita propôs cortes de até 5% na produção dos países produtores de petróleo. O objetivo seria impulsionar os preços dos barris, que desde o ano passado sofre uma sequência de fortes desvalorizações.

Novak também disse que há uma proposta para um encontro entre membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e países não membros, no nível de ministros de energia. A Rússia estaria pronta a participar do encontro.

Na quarta-feira (27), o futuro do Brent subiu 4,05%, cotado a US$ 33,09 na International Exchange Futures (ICE). Já o West Texas Intermediate (WTI), dos Estados Unidos, teve alta de 2,70%, a US$ 32,30.

Fonte: Folha da Manhã