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Foto: Dado Galdieri/Bloomberg/4-12-14

O vento favorável do setor portuário trouxe uma boa notícia para o litoral do Estado do Rio: o Porto do Açu vai receber, no ano que vem, investimentos de R$ 600 milhões para aumentar sua profundidade e torná-lo capaz de receber navios gigantes para transporte de petróleo. A Prumo Logística, atual operadora do porto localizado em São João da Barra, obteve autorização da Secretaria Especial dos Portos (SEP) para atuar com terminais de petróleo, gás e contêineres. Anteriormente, o Açu só podia transportar minério de ferro e produtos siderúrgicos.

De imediato, a permissão assinada na semana passada já serviu para ratificar a venda de 20% de um dos terminais da Prumo para a alemã Oiltanking, por US$ 200 milhões. O montante será usado na dragagem do porto, a fim de ampliar a profundidade de 20,5 para 25 metros ao longo de 2016.

“A expectativa é que, com esse novo perfil do Açu, possamos imediatamente garantir oportunidades de investimento, uma vez que permitimos o início de operações nas áreas de óleo e gás em uma posição estratégica pela proximidade da Bacia de Campos”, disse o ministro da SEP, Hélder Barbalho.

A autorização permite que o contrato de transbordo de petróleo da Prumo com a BG, para exportação de 200 mil barris por dia, assinado em junho, entre em vigor efetivamente e seja elevado a até 320 mil barris por dia no futuro. Há ainda a possibilidade de surgimento de novos contratos, para a movimentação de até 1,2 milhão de barris por dia, o teto permitido na licença ambiental.

“Estamos destravando um novo horizonte. Não há mais amarras com o governo. Depende só da iniciativa privada”, apontou Eduardo Parente, presidente da Prumo Logística.

Com a ampliação do calado, o Porto do Açu poderá receber navios gigantes, como o VLCC, o que reduz o custo de exportação de petróleo cru em até US$ 2 por barril, segundo Parente. Essa redução de custo é de quase 5% do valor do preço do barril no mercado internacional, que fechou a US$ 45,60 na sexta-feira. Com a queda recente dos preços do óleo, as margens das operadoras estão apertadas, o que exige redução de custos.

TERMELÉTRICAS NO HORIZONTE

Como está próximo da Bacia de Campos, a ideia da Prumo é que o terminal seja usado principalmente para movimentação de petróleo do pré-sal. Segundo a empresa, o terminal de transbordo de petróleo será uma alternativa aos produtores que atualmente realizam operações desse tipo no Uruguai e no Caribe.

O aval abre ainda perspectiva de construção de duas usinas termelétricas abastecidas com gás natural liquefeito (GNL). As térmicas, cujas licenças ambientais devem ser emitidas até o fim do ano, deverão ser operadas por algum parceiro internacional e podem ser incluídas no leilão de oferta de energia previsto para fevereiro. Uma delas teria capacidade de geração de 1 gigawatt (GW), e outra, de 1,5GW. Mas há previsão de ampliar para até 3,1GW, quase a potência da hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, o equivalente a 95% do consumo residencial do Rio no ano passado.

Segundo Parente, com a mudança, o Açu terá o primeiro terminal para recebimento de GNL privado do país — os demais são operados por subsidiárias da Petrobras.

“Estamos criando um hub de gás, onde há um ciclo virtuoso muito grande, no qual um investimento traz outro. Não estou exagerando ao dizer que nossa expectativa para os próximos cinco anos nessa área é de, no mínimo, R$ 5 bilhões, podendo chegar a R$ 10 bilhões em investimentos em terminais de gás e termelétricas”, disse Parente.

Fonte: O Globo