A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que reúne cinco sindicatos de trabalhadores da Petrobras, iniciou hoje, 29, uma paralisação da categoria. Além da reivindicação de 10% de aumento real (acima da inflação), os servidores protestam contra o plano de venda de ativos e retração dos investimentos da empresa.
“Comparado com outras petrolíferas, a gente tem uma taxa de lucro muito grande. Não é possível que, usando a questão da crise e da dívida da Petrobras, justifiquem a venda da empresa por valores irrisórios”, disse a diretora do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, Fabíola Calefi.
Na sexta-feira, 23, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a venda de 49% das ações da Petrobras Gás (Gaspetro) para a Mitsui Gás e Energia do Brasil por R$ 1,9 bilhão. A venda de ativos e a redução de investimentos faz parte do plano da empresa para reduzir o nível de endividamento.
A FNP considera a estratégia equivocada. Segundo Fabíola Calef, com o dólar em alta e o preço do barril de petróleo em baixa, não é um bom momento para a petroleira tentar reduzir o patamar de endividamento. “A gente acha que dívida, como em qualquer outra empresa, se contraí para investimentos e aumento da produtividade e tem de ser trabalhada a longo prazo.”
Em São Paulo, o sindicato estima que houve adesão total à paralisação na Transpetro do Alemoa, em Santos, e na unidade de São Sebastião, ambas no litoral paulista. Na unidade do Valongo, também em Santos, o sindicato informou que cerca de 70% dos funcionários da área administrativa pararam as atividades.
Na Refinaria Presidente Bernardes, interior do estado, o balanço é de que 60% dos trabalhadores dos setores administrativos aderiram ao movimento, enquanto o restante das atividades foi totalmente interrompido.
De acordo com o sindicato, no Rio de Janeiro a paralisação atingiu o Terminal Angra dos Reis e a Termoelétrica Barbosa Lima Sobrinho, em Seropédica. Na sede da Transpetro, ocorreu, segundo o Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro, uma paralisação de duas horas, das 7h às 9h.
A interrupção do trabalho por duas horas também foi a opção de mobilização dos trabalhadores da unidade de óleo e gás em Pilar, Alagoas. Em Sergipe, os funcionários da empresa também paralisaram as atividades.
A FNP representa 45% da força de trabalho da Petrobras. A Federação Única dos Petroleiros (FUP), com 14 sindicatos filiados, não aderiu ao movimento. A FUP também tem criticado a venda de ativos da empresa e iniciou mobilização para um movimento grevista.
Fonte: Agência Brasil