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Foto: Divulgação

Segunda maior produtora de petróleo no Brasil, atrás apenas da Petrobras, a britânica BG quer tornar o Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), num centro logístico de exportações de sua produção no pré-sal. A companhia assinou um contrato de 20 anos com a Prumo Logística e será a primeira petroleira a utilizar o terminal de óleo do complexo portuário. Em entrevista ao Valor, o presidente da BG na América do Sul, Nelson Silva, informa que a intenção da empresa é usar o Açu para agilizar os embarques de cargas para os mercados consumidores, sobretudo a Ásia e Américas, em meio às expectativas de aumento do volume a ser exportado nos próximos anos.

Em 2015, segundo Silva, a previsão da companhia, recém adquirida pela Shell, é repetir o crescimento do ano passado e novamente dobrar sua média de produção no país. Em 2014, a BG fechou o ano com uma produção de 78 mil barris ao dia, mas em abril a média já era de 133 mil barris, o que faz do Brasil a principal fonte de produção da empresa no mundo.

Segundo o executivo, a BG realiza, por semana, um embarque com cerca de 1 milhão de barris de óleo para o exterior, mas a companhia já projeta elevar esse ritmo para três embarques por semana com o crescimento da sua produção nos próximos anos. A petroleira, que tem hoje cinco navios aliviadores para escoar sua produção, tem mais dois encomendados e avalia a contratação de uma oitava unidade para dar conta do aumento da produção.

“Uma infraestrutura logística próxima ao pré-sal, para nós, era fundamental do ponto de vista da economicidade do projeto. Esses navios [aliviadores] são especializados e tem um taxa de afretamento mais cara que os petroleiros convencionais. Queremos maximizar a operação desses navios, mantendo eles o mais próximo possível da área de carregamento”, afirma Silva.

Atualmente, os volumes de produção da BG nos campos de Lula, Iracema e Iara, no pré-sal de Santos, são escoados por navios aliviadores que transportam as cargas geralmente até o Uruguai e Caribe, para serem, então, transferidos para petroleiros convencionais, numa operação de transferência conhecida como ship-to-ship.

Com o uso do Açu, a expectativa da BG é que o tempo dessa operação seja reduzido para um ciclo de cinco dias. Uma operação padrão de ship-to-ship no Uruguai leva, em média, 14 dias para ser concluída, incluindo o tempo de deslocamento do navio. “Realmente otimiza nossa logística. Sem a utilização do Açu, certamente teríamos que ter mais navios aliviadores”, explica Silva.

Acordo prevê a movimentar média de até 200 mil barris/dia, equivalente a 17% da capacidade do terminal

O contrato da Prumo e BG prevê a movimentação de um volume médio de até 200 mil barris por dia, equivalente a 17% da capacidade do terminal. A expectativa, contudo, é que a BG comece operando com 80 mil barris ao dia, em média. A primeira operação está prevista para agosto de 2016.

Até lá, a Prumo Logística ainda tem pela frente a conclusão da estrutura do quebra-mar e instalação de equipamentos nos três berços de atracação. Os investimentos, segundo o presidente da Prumo, Eduardo Parente, serão bancados pela companhia de logística e estão orçados no plano de R$ 1 bilhão previsto para este ano.

O terminal tem capacidade para transferir 1,2 milhão de barris por dia, mas pode ser ampliado com a instalação de mais dois berços. A expectativa de Parente é que o acerto do primeiro acordo com a BG atraia o interesse de outras petroleiras pelo Açu.

O executivo, contudo, evita traçar projeções sobre ampliação da capacidade contratada do terminal. “É claro que não estamos falando em chegar em 1,2 milhão de barris ao dia em dois ou três anos, está mais para cinco anos ou mais”, disse Parente ao Valor.

Informa, ainda, sobre a intenção da empresa de tornar o Açu não só num centro de escoamento de petróleo, como também em “hub” de distribuição de gás. A companhia assinou este ano um acordo com o Grupo Bolognesi para estudo de projetos de gás no porto, incluindo a instalação de uma termelétrica e uma planta de regaseificação de gás natural liquefeito.

“A intenção é começar com GNL e, quando houver demanda firme, ser uma solução para o gás nacional. Na medida que o projeto evolua e haja uma demanda mais firme, temos interesse sim no gás da BG”, afirmou Parente.

Fonte: Valor Econômico/André Ramalho | Do Rio